A receita própria de um município é composta pelo Imposto Sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto Sobre Transmissão Inter Vivos (ITBI), Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), taxas e contribuições de melhoria. Já as transferências decorrem de convênios e determinação legal, tais como o dinheiro do Fundo de Participação de Municípios – composto de parte do que é arrecadado com o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – e os percentuais destinados à saúde e educação. Os estados repassam às prefeituras parte do volume do IPVA e do ICMS.
O resultado é demonstrado na média entre os recursos transferidos e aqueles repassados aos cofres dos municípios.
“Cada caso é um caso. Mas você tem municípios com base econômica forte e que têm condição de fazer uma boa arrecadação, enquanto há outros que têm uma administração tributária boa, mas a base econômica é fraca”, diz Sol Garson, consultora da Fundação Brava e professora de Finanças de Estados e Municípios nos programas de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em outras palavras, não basta que a cidade tenha uma boa base de taxação – como por exemplo a existência de mansões para cobrar o IPTU ou a prestação de serviços chamados sofisticados, como uma consultoria especializada – se não houver um bom mecanismo de fiscalização que resulte na arrecadação.
O grupo de grandes arrecadadores do Brasil inclui também cidades que têm um forte apelo turístico, como o Rio de Janeiro, Guarujá (SP), Balneário Camboriu e Florianópolis (SC) e Gramado (RS). “Nessas cidades você tem uma arrecadação alta de ISS”, explicou Sol Garson.
Temporário A partir de uma avaliação sobre as 5.067 cidades brasileiras que disponibilizaram seus dados, a professora da UFRJ chegou a uma constatação: um grande problema enfrentado pelas prefeituras é que não se tem o hábito de planejar. Há ainda a falta de preparo para um fenômeno arrecadatório que pode se tornar passageiro, implicando queda na receita própria no futuro. Um exemplo são as grandes obras, que um dia vão ficar prontas.
“É preciso que os municípios se preparem para os impactos de um grande investimento, tendo consciência de que aquilo pode se tornar algo temporário, e a arrecadação voltar a cair.
Daí o fato de a grande maioria das cidades viver com as contas no vermelho, especialmente no fim de ano, quando se veem diante da impossibilidade de adiar dívidas para o ano seguinte e a obrigatoriedade de quitar uma folha de pagamento a mais, com o abono de Natal..