Em duas declarações de imposto de renda - pessoa física -, que estão em posse da Justiça Federal, ele se revelou um cidadão de poucas posses. Informou rendimentos anuais de R$ 507.196,00, em 2010, e R$ 818.781,22, em 2012. Nessa ocasião, ele já era alvo da Lava Jato e ostentava poder, influência e padrão de vida sofisticado.
Formalmente, porém, perante a Receita, a evolução patrimonial de bens e direitos do doleiro em quatro anos foi nula. Em 31 de dezembro de 2009, 2010, 2011 e 2012, Youssef afirmou possuir o mesmo valor em bens: R$ 381.226,45. O doleiro declarou ao Fisco um apartamento financiado pela Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 42.500, terreno, quotas de capital de empresa e um jazigo no Cemitério Parque das Oliveiras, em Londrina, interior do Paraná, no valor de R$ 1.900. O doleiro afirmou ainda ter contribuído com a Previdência Social. Há dois anos, ele declarou ter pago R$ 9.078,36 e há quatro, R$ 2.406,96.
Em 2010 e 2012, o aumento de cerca de R$ 300 mil nos rendimentos, perante o Fisco, foram acompanhados de uma ‘melhora de vida’.
O doleiro é alvo central da Lava Jato, investigação da Polícia Federal sobre esquema de lavagem de cerca de R$ 10 bilhões e corrupção envolvendo contratos da Petrobras. Ele é réu em seis ações penais da Operação. Nas duas declarações em posse da Justiça, Youssef não informou doações a partidos políticos, comitês financeiros e candidatos. Os impostos foram entregues à Receita, em meio à investigação da Lava Jato, que começou em 2008.
Em março deste ano, foram apreendidos no escritório do doleiro, durante operação da PF, cerca de R$ 1,4 milhão, US$ 20 mil e uma nota de R$ 100, aparentemente falsa, dentro de um cofre. Havia ainda R$ 500 mil dentro de uma maleta em um cofre, 25 celulares, e 10 chips lacrados e 4 abertos para os aparelhos. “O que indica a intensa preocupação da organização criminosa investigada a fim de evitar que seus diálogos fossem monitorados”, afirma o inquérito da Polícia.
Quando foi preso, em 17 de março, em São Luís, no Maranhão, o doleiro tinha em mãos 7 celulares e ‘grande quantidade de moeda’, segundo a Polícia Federal. Para a Receita, Youssef havia informado ser dirigente, presidente e diretor de empresa industrial, comercial ou prestadora de serviço. Um empresário que declarou ao Fisco, em 2009, ter feito empréstimo com a então mulher no valor de R$ 25 mil..