Jornal Estado de Minas

Processo de cidade dos EUA contra Petrobras é reforço para uma nova CPI

Processo dá fôlego à reabertura de apuração, avalia oposição

Jorge Macedo - especial para o EM

 

Brasília – A decisão da cidade de Providence, capital do estado norte-americano de Rhode Island, de arrolar 11 autoridades e empresários brasileiros como “pessoas de interesse” em ação contra a Petrobras e o envolvimento de parlamentares com o esquema de corrupção na companhia, apontado nas investigações da Operação Lava-Jato, servirão de combustível para a abertura de uma nova comissão parlamentar de inquérito (CPI) contra estatal no próximo ano.

Na avaliação de lideranças da oposição no Congresso, diferentemente do que ocorreu com as cinco CPIs que tiveram a petroleira como alvo nos últimos 25 anos, um novo colegiado poderá apresentar resultados mais concretos.

No grupo citado na ação de Providence está incluída até mesmo a presidente Dilma Rousseff, segundo revelou ontem o jornal O Estado de S. Paulo. Integram a lista também o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, o empresário Jorge Gerdau e o executivo Fábio Barbosa, presidente do Grupo Abril, todos eles ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras.
 O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que, diferentemente das investigações anteriores, não há como a base do governo tentar “acobertar” os desmandos da estatal. “Isso caiu por terra porque a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal começaram a agir e atropelaram a base do governo em relação a essas denúncias”, disse.


Para o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), não há como a base aliada votar contra “evidências contundentes” de irregularidades contra a estatal.

Ele considerou como “inédito” o fato de um caso de corrupção no Brasil ser objeto de um pedido de abertura de processo nos EUA contra uma empresa estatal brasileira.

 A situação da oposição, porém, não está totalmente confortável diante das denúncias da Operação Lava-Jato. O ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou em um dos depoimentos da delação premiada que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB e ex-senador, que morreu em março deste ano, recebeu R$ 10 milhões de uma empreiteira do esquema para que os tucanos ajudassem a esvaziar a CPI da Petrobras que funcionou no Congresso no ano de 2009. A direção do PSDB nega que o partido tenha colaborado para enterrar a apuração.

 Autor de três pedidos de CPI da Petrobras, o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), acredita, diferentemente de seus colegas, que uma nova CPI pode não ser tão eficaz no momento. Segundo ele, o melhor para o Congresso seria propor a criação de uma CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), na qual poderiam ser investigados empréstimos da instituição a empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. “Temos que alargar o foco até para achar outros vínculos”, disse o senador tucano, ressalvando que a posição é pessoal e não da bancada.

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