Brasília – A decisão da cidade de Providence, capital do estado norte-americano de Rhode Island, de arrolar 11 autoridades e empresários brasileiros como “pessoas de interesse” em ação contra a Petrobras e o envolvimento de parlamentares com o esquema de corrupção na companhia, apontado nas investigações da Operação Lava-Jato, servirão de combustível para a abertura de uma nova comissão parlamentar de inquérito (CPI) contra estatal no próximo ano.
No grupo citado na ação de Providence está incluída até mesmo a presidente Dilma Rousseff, segundo revelou ontem o jornal O Estado de S. Paulo. Integram a lista também o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, o empresário Jorge Gerdau e o executivo Fábio Barbosa, presidente do Grupo Abril, todos eles ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que, diferentemente das investigações anteriores, não há como a base do governo tentar “acobertar” os desmandos da estatal. “Isso caiu por terra porque a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal começaram a agir e atropelaram a base do governo em relação a essas denúncias”, disse.
Para o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), não há como a base aliada votar contra “evidências contundentes” de irregularidades contra a estatal.
A situação da oposição, porém, não está totalmente confortável diante das denúncias da Operação Lava-Jato. O ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou em um dos depoimentos da delação premiada que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB e ex-senador, que morreu em março deste ano, recebeu R$ 10 milhões de uma empreiteira do esquema para que os tucanos ajudassem a esvaziar a CPI da Petrobras que funcionou no Congresso no ano de 2009. A direção do PSDB nega que o partido tenha colaborado para enterrar a apuração.
Autor de três pedidos de CPI da Petrobras, o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), acredita, diferentemente de seus colegas, que uma nova CPI pode não ser tão eficaz no momento. Segundo ele, o melhor para o Congresso seria propor a criação de uma CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), na qual poderiam ser investigados empréstimos da instituição a empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. “Temos que alargar o foco até para achar outros vínculos”, disse o senador tucano, ressalvando que a posição é pessoal e não da bancada..