O novo presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Wellington Magalhães (PTN), anunciou nessa quinta-feira a realização de auditoria em contratos da Casa, além da demissão ainda nesta sexta-feira de servidores de recrutamento amplo lotados no gabinete da presidência, demonstrando uma forte oposição ao seu antecessor, vereador Léo Burguês (PTdoB). O anúncio foi feito durante a posse da nova Mesa Diretora da Câmara, eleita para o biênio 2015-2016, na tarde de ontem no plenário. Depois de uma forte queda de braço na disputa para presidir a casa, Magalhães e Burguês fizeram discursos que apontam para uma trégua e se abraçaram na transmissão do cargo. Uma trégua, no entanto, que fica somente nas palavras. Além das demissões hoje, o novo presidente afirmou que já na terça-feira reúne toda a Mesa para decidir medidas a serem adotadas que possam garantir total transparência nos trabalhos do Legislativo municipal.
Segundo Magalhães, que no biênio anterior ocupou o cargo de vice-presidente, muitas decisões nos quatro anos de gestão de Burguês foram tomadas sem participação dos demais integrantes da mesa. “Eu espero que meu vice-presidente não passe pelo que passei. Não tinha conhecimento de nada, como a compra de televisores para o plenário e a contratação de motoristas”, disse. Entre as propostas do novo presidente estão mudanças na verba indenizatória dos vereadores, que tem gerado polêmica e seguidas investigações pelo Ministério Público estadual, em razão do uso indevido do recurso. “Não vou presidir esta Casa com apenas os 25 vereadores que me elegeram. Vou trabalhar com os 40 que fazem parte do Legislativo”, garantiu Magalhães. Falando no mesmo tom, o 2º secretário, Pelé do Vôlei (PTdoB), diz a ideia é discutir com a população projetos de interesse da cidade. “Queremos que a população se orgulhe da Câmara Municipal.”
RÁPIDA A cerimônia na Câmara Municipal foi rápida – durou apenas uma hora –, sem galerias lotadas e prestigiada por poucos políticos. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) se fez representar pelo seu vice, Délio Malheiros (PV), apenas o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) e os estaduais Cabo Júlio e Luzia Ferreira marcaram presença, além de secretários municipais. Nem mesmo os vereadores se sentiram atraídos à comparecer à cerimônia: apenas 25 dos 40 compareceram. A posse estava ameaçada em razão da incerteza do cumprimento do quórum mínimo de 21 vereadores. Apesar de parcialmente ocupada, a galeria se manifestou somente durante o anúncio do nome de Magalhães para a presidência. Ele foi ovacionado e aplaudido.
Em seu discurso, Léo Burguês aproveitou para fazer um balanço de sua gestão de quatro anos no comando da Casa. Sem citar as acusações de seu sucessor, ele garantiu que fez uma administração “absolutamente transparente”, citando como exemplo a implantação do Portal da Transparência da Câmara Municipal, da ouvidoria e da integração com o cidadão por meio das redes sociais. “Fizemos um Legislativo mais transparente, moderno e justo”, afirmou Burguês. Lembrou ainda que foi sob sua presidência que tiveram fim o 14º e 15º salários e que foi implantada a ficha-limpa para ocupantes de cargos no município. “Foram diversos os avanços.” Burguês, no entanto, deu de ombros sobre a decisão de Magalhães de exonerar, de imediato, todos os servidores da Presidência: “Ele assumiu e, nada mais natural, que monte sua equipe”, explicou.
Além de Wellington Magalhães, compõem a nova Mesa Diretora 1º vice-presidente, Henrique Braga (PSDB); o 2º vice-presidente, Pablito (PV); o secretário-geral, Coronel Piccinini (PSB); o 1º secretário Dr. Nilton (Pros); e o 2º secretário, Pelé do Vôlei (PtdoB).