Brasília – Em seu discurso de posse, nessa quinta-feira, no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender a Petrobras, lamentou a crise vivida pela empresa por causa de esquemas de desvios de recursos e disse que o governo vai proteger a estatal de “predadores internos e de seus inimigos externos”. Acompanhada por diversas autoridades políticas do governo, entre elas, o procurador-geral da União, Rodrigo Janot, Dilma afirmou que a Petrobras é a principal empresa estratégica do país e a que mais emprega. “Temos que saber apurar e punir sem enfraquecer a Petrobras. Ela tem capacidade de superar a crise e dela sair mais forte”, disse. Dilma voltou a dizer que as denúncias de corrupção na estatal serão investigadas. “Vamos apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais”, disse.
A presidente repetiu também que não compactua com a corrupção. “Jamais compactuei com qualquer ilícito ou mal feito. Meu governo foi o que mais combateu a corrupção, com leis mais severas, absoluta autonomia da Polícia Federal e independência sempre respeitada do Ministério Público”, disse. Dilma voltou a pedir um grande pacto nacional contra a corrupção. “Estou propondo um grande pacto nacional contra a corrupção que envolve todas as esferas de governo e todos os núcleos de poder, tanto no ambiente público ou privado”, disse. “A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada”, disse.
A presidente relembrou os cinco pactos propostos por ela durante a campanha eleitoral para o combate à corrupção. Duas das medidas são: transformar em crime e punir com rigor os agentes públicos que enriquecem sem justificativa ou não demonstrem a origem dos seus ganhos e modificar a legislação eleitoral para transformar em crime a prática de caixa 2.
Novo Lema
Durante o seu discurso, a presidente anunciou o slogan “Brasil: Pátria Educadora” como o lema de seu segundo mandato. Dizendo que ele é “simples, direto e mobilizador”, a presidente afirmou que o setor será a “prioridade das prioridades” e deverá convergir esforços de todas as áreas do governo. “A educação será a prioridade das prioridades. Só a educação liberta o povo. Só a educação liberta um povo e abre as portas de um futuro próximo”, disse. Dilma afirmou que a educação começará a receber mais verbas, com recursos oriundos dos royalties do petróleo e do pré-sal.
PAC 3 A presidente aproveitou o discurso de posse para anunciar o lançamento do terceiro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o segundo programa de investimento em logística. Ela afirmou que, desde 2007, foram duas edições do PAC que totalizaram R$ 1,6 trilhão em investimentos. A presidente reafirmou o compromisso de apoiar os estados e municípios na infraestrutura de transportes. Disse que está em andamento uma carteira de R$ 143 bilhões em obras de mobilidade urbana em todo país.
Oposição a postos
A oposição disparou críticas à presidente logo após seu discurso no Congresso. Para o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), a fala de Dilma “não inspira confiança e evidencia um governo carcomido pelo descrédito, a partir de métodos condenáveis e velhas promessas nunca cumpridas”. O presidente e líder do DEM no Senado, José Agripinio (RN), que não foi à cerimônia, afirmou que o discurso foi de “marketing e insincero”, especialmente em relação à Petrobras. Um dos poucos representantes dos partidos independentes e de oposição no plenário do Congresso, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que as reformas propostas por Dilma serão cobradas, assim como o aprofundamento das investigações da Operação Lava-Jato e a saída de Graça Foster do comando da Petrobras.