Pimentel se reúne a portas fechadas com secretários para traçar diretrizes de governo

Na primeira reunião com sua equipe de secretários, governador repassa os planos para os primeiros 90 dias de gestão e reforça compromisso de fazer uma administração participativa

Isabella Souto
- Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

A portas fechadas e com pedido expresso de “reservas” por parte do governador Fernando Pimentel (PT), 36 integrantes da equipe do governo, entre secretários, dirigentes de órgãos públicos e o gabinete militar, reuniram-se nessa sexta-feira pela manhã no Palácio Tiradentes. Pimentel repassou à nova equipe as diretrizes que deverão ser seguidas pelos secretários nos primeiros 90 dias de gestão e reforçou a intenção de colocar em prática uma administração participativa em todas as áreas do governo. Até março, o governador espera contar com um balanço detalhado sobre a atual situação financeira do estado e as principais demandas de cada regional, que servirá de ponto de partida para execução dos programas da nova administração.

Ao longo da reunião, o deputado federal Odair Cunha (PT) e o médico Helvécio Magalhães – indicados para as secretarias de Governo e Planejamento, respectivamente – chegaram a sair da sala, mas se recusaram a dar entrevistas aos jornalistas que faziam plantão no quarto andar do Edifício Tiradentes, na Cidade Administrativa. O parlamentar argumentou que não poderia falar, pois há uma “centralidade na comunicação”. “Agora não. Nós vamos falar, calma, calma”, afirmou Magalhães. Mas a entrevista não aconteceu.
Apenas fotógrafos e cinegrafistas tiveram um rápido acesso à reunião para que pudessem fazer imagens.

Coube, então, ao subsecretário de Comunicação Social, Ronald de Freitas, dirigir-se à imprensa para avisar que não haveria qualquer manifestação por parte dos secretários. “Foi uma reunião de balanço e ele deu as diretrizes do governo. Mas pediu reservas para que o governo comece a andar”, disse. Alguns participantes da reunião, procurados mais tarde pela reportagem, também se negaram a conceder entrevistas para explicar os pontos discutidos com o governador.

“Todos fomos orientados pelo Pimentel a não dar nenhuma declaração”, disse um dos secretários. Ao final da reunião, os jornalistas não puderam nem mesmo ficar no mesmo andar que os secretários. Foi pedido “gentilmente” a todos que se “retirassem” do Palácio.

Diagnóstico Na quinta-feira, durante discurso na posse, o governador Fernando Pimentel havia dito que se reuniria hoje com o secretariado e que seria prioridade do governo a criação de um grupo executivo para, no prazo de 90 dias, apresentar um balanço geral das condições financeiras e administrativas do estado. Na ocasião, Pimentel afirmou que o trabalho iria além de uma auditoria e serviria como pontapé inicial para as políticas governamentais.

O governador afirmou após a cerimônia de posse que só seria possível definir as primeiras ações do novo governo a partir de um diagnóstico preciso sobre a situação econômica e social do estado. Ele ressaltou que o contexto nacional exige ajustes e contenções, mas que não obteve todas as informações necessárias para avaliar a situação atual de Minas. “É precipitado falar sobre as dificuldades econômicas. Vamos, a partir de agora, ter os dados e apresentar um balanço do estado, para que todos possamos saber qual é nosso ponto de partida”, disse Pimentel.


Na quinta-feira, também foram empossados o secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho, o subsecretário do Tesouro Estadual, Paulo de Souza Duarte, e o advogado-geral do estado, Onofre Batista Júnior. Na primeira entrevista como secretário, Bicalho afirmou que, antes de adotar qualquer medida, seria necessário fazer um balanço das contas do estado, especialmente em relação a restos a pagar e eventuais sobras em caixa. Já Helvécio Magalhães comentou no mesmo dia que a situação financeira de Minas Gerais é “muito ruim” e que o projeto de orçamento deste ano, ainda em tramitação na Assembleia, será reformulado. “A peça está distante da realidade. Há uma superestimação da receita”, disse na quinta-feira. (Colaborou Marcelo da Fonseca)

Reforma administrativa


O envio do projeto de reforma administrativa para a Assembleia Legislativa ficou para a próxima semana. Entre as medidas propostas, estão o desmembramento da Secretaria do Turismo e Esporte, a criação de três pastas (Recursos Humanos, Direitos e Cidadania e Desenvolvimento Agrário) e a extinção de outras duas. O projeto deverá tramitar em regime de urgência, sendo discutido com os parlamentares durante o recesso, para que possa ser votado em fevereiro, quando os novos deputados serão empossados. Para ser aprovada, a reforma administrativa terá que passar pelas comissões de Constituição e Justiça, Administração Pública e Fiscalização Financeira, antes de chegar ao plenário. .