Brasília – Ao montar o ministério para o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff deixou o critério técnico em segundo plano e escolheu uma Esplanada à feição da base aliada.
Proporcionalmente, os apoios mais caros são os do PROS, com seus 11 deputados. Isso porque a legenda assumiu o Ministério da Educação (MEC) com Cid Gomes, ex-governador do Ceará. O orçamento total do MEC é de R$ 101 bilhões, o que significa R$ 9,2 bilhões pelo voto de cada um dos parlamentares do PROS. A legenda, contudo, não sabe se comemora ou se fica desconfiada.
Por ter o maior número de pastas (13), o PT, naturalmente, administra o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, com R$ 297,4 bilhões de recursos. Isso significa que cada voto petista no Congresso custará R$ 3,62 bilhões. Correligionários da presidente Dilma, sobretudo aqueles incluídos na principal tendência do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que se sente alijada do núcleo de poder palaciano.
Um cacique petista rebate o choro da CNB. “Qual é uma das principais lideranças deles? O prefeito de São Paulo, Luiz Marinho, padrinho do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Pergunte a ele se está irritado com a falta de dinheiro para administrar?”, questionou o petista, lembrando que o orçamento da pasta para 2015 é de R$ 109 bilhões. “A presidente Dilma montou um ministério para atender os aliados. E lembrar a todos, em cada votação, que são da base de apoio ao governo”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
A substituição do PCdoB do Ministério do Esporte pegou muitas pessoas de surpresa, inclusive no governo. Aldo Rebelo deixou a pasta e foi transferido para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Mesmo com a Olimpíada do Rio 2016 às vésperas de ser realizada, a troca não foi ruim para os comunistas. Além de ter novos cargos para serem preenchidos, a vantagem orçamentária é gritante. O novo ministério tem um orçamento previsto para 2015 de R$ 9,73 bilhões.
Anticrise O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, não quis entrar no mérito da troca de pastas, mas tangenciou o tema ao reconhecer que a presidente Dilma foi obrigada a compor um governo para evitar crises políticas. “A composição do Congresso não reflete a maioria que a presidente obteve nas urnas em outubro. Ela tem de formatar alianças para enfrentar um ano difícil de crise econômica e desdobramentos da Operação Lava-Jato”, disse ele, durante cerimônia de posse da presidente no Palácio do Planalto.
Na outra ponta do debate, o bastante criticado ministro do Esporte, George Hilton – ele foi vaiado ao assinar a nomeação na quinta e escondeu-se da imprensa no ato de transmissão de posse na sexta – é aquele que, proporcionalmente, menos custa ao Planalto. O orçamento do ministério para 2015 é de R$ 2,58 bilhões. No caso do PRB, que tem 21 deputados (George Hilton, inclusive, era o líder da bancada até ser convidado para ser ministro) e um senador, são R$ 177,4 milhões por apoio no Congresso.
O PP, uma das legendas envolvidas na Operação Lava-Jato, tem do que reclamar na redistribuição promovida pela presidente Dilma Rousseff para o segundo mandato. O partido foi transferido do Ministério das Cidades (com orçamento total R$ 27,88 bilhões) para a Integração Nacional, que administra um montante de R$ 5,95 bilhões. A bancada congressual pepista custará R$ 145,1 milhões, uma das mais baratas. Já o PSD do novo ministro Gilberto Kassab – que já controlava o Ministério Micro e Pequena Empresa com Afif Domingos – terá R$ 680 milhões.
Tão criticado pelos petistas, a fidelidade do PMDB nem é tão onerosa quanto parece. Pelo pacote de seis ministérios concedidos pela presidente, eles administrarão um orçamento de R$ 21,71 bilhões. Como os peemedebistas são numerosos – 84 entre deputados e senadores – eles representam um custo de R$ 258,5 milhões por voto de apoio à presidente.
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