“A imaginação é mais importante que o conhecimento”, disse certa vez Albert Einstein. Nos anos do governo Lula, essa frase parecia ser o mote de sua política externa. O seu carisma internacional e ousadia de seu ministro das Relações Exteriores Celso Amorim fizeram com que o país se transformasse na novidade do cenário internacional.
A chegada de Dilma Rousseff (PT) ao poder e o acanhamento de seus titulares das Relações Exteriores fizeram com que a diplomacia brasileira voltasse à opacidade dos anos pré-Lula. Verdade seja dita, Lula também governou num período de quase euforia para o comércio e para as relações diplomáticas. Já Dilma encontrou um cenário mais complexo, em que a diplomacia cedeu terreno para a lógica das guerras híbridas. O Oriente Médio se desestabilizou. E as expectativas de expansão do livre comércio internacional perderam espaço para as barreiras protecionistas do período da crise.
Mas, a julgar pela intensidade das reuniões em seu primeiro dia de trabalho após a posse, Dilma parece correr atrás do tempo perdido. Encontrou-se com chefes e representantes da Suécia, Venezuela, China e Estados Unidos. Ao vice-presidente da China, Li Yuanchau, citou explicitamente a intensificação da cooperação na área espacial e, no plano comercial, foram reforçadas as expectativas brasileiras da participação de nossas empresas na construção da Ferrovia Transcontinental.
Há quem aposte que a prioridade da política externa brasileira terá um viés para a intensificação da colaboração com os países do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além de esforços para a consolidação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Uma reaproximação com os Estados Unidos dependerá, contudo, mais do parceiro do que do Brasil, pois, se o presidente Barack Obama parece disposto a estreitar relações com a América Latina, o mesmo não se pode dizer daquele Congresso. De qualquer maneira, num cenário internacional em que as oportunidades do comércio são escassas, urge que o Brasil se apresente com maior vigor, para que não venha a ser este o mote de nossa política externa: “Quando urgente, já é demasiado tarde”.
Cobertor curto
Em meio às divergências entre o governo anterior e o atual sobre a situação do caixa do estado, uma coisa é certa: o cobertor é curto para os investimentos públicos em Minas. A saída serão as possibilidades abertas por operações de crédito, parcerias público privadas (PPPs), além de um plano de investimento que considere o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e recursos que possam ser alavancados da Cemig, Copasa e Codemig, segundo avaliação do secretário de estado da Fazenda, José Afonso Bicalho (foto). Em operações de crédito, o estado tem hoje autorizado pelo Tesouro Nacional R$ 3 bilhões. Há margem, segundo ele, para contrair mais R$ 7 bilhões nos próximos três anos. Além disso, o estado compromete hoje R$ 250 milhões em PPPs, mas pode chegar a R$ 2,5 bilhões.
O troco
Independentemente do tamanho da bancada de oposição, tucanos não pretendem deixar barato a obstrução promovida pelo PT e PMDB que impossibilitou a votação de várias matérias de interesse do governo Alberto Pinto Coelho (PP). “Não aceitamos atropelos com essa reforma administrativa que chega nesta terça-feira em regime de urgência. Vamos fazer com eles o mesmo que fizeram conosco: obstruir”, avisa o deputado estadual Gustavo Corrêa (DEM), em referência ao projeto de lei de Fernando Pimentel que chega, em regime de urgência à Casa com a nova estrutura de secretarias..
O troco, a missão
A base de apoio ao governo petista na Asssembleia Legislativa avisa: considera “justo” o direito de “espernear” da oposição. Mas está certa de que a reforma administrativa passará. A questão é regimental. Como o orçamento de 2015 não foi votado, a Assembleia não entrou em recesso. Ao fazer o pedido de urgência, o Executivo tem a garantia de que o projeto não será arquivado ao final desta legislatura, em 31 de janeiro. Se houver quórum mínimo de 26 deputados estaduais em plenário nesta terça-feira, a matéria será recebida e passará a valer o prazo de 45 dias para que a matéria sobreste a pauta, entrando na ordem dia, sem passar por comissões.
‘Decantação’
A oposição ao governo Fernando Pimentel (PT) na Assembleia Legislativa, não sabe ainda qual será o seu tamanho. Nesta terça-feira, tucanos e democratas comandam uma reunião para avaliar como ficará a formação do bloco da minoria. Na melhor das estimativas, giraria em torno de 31 parlamentares, caso consiga manter coesas as bancadas do PSDB, DEM, PP, PSD e PPS, que integraram a coligação nas últimas eleições, além dos partidos com deputados que participaram dos governos tucanos – como PSB, PTB, PTN e PSD. O PV, por exemplo, já declarou apoio ao novo governo. O PSD, pressionado pelo presidente nacional, o agora ministro das Cidades Gilberto Kassab, segue o mesmo caminho. “Depois da decantação, vamos ver o que sobrou”, afirma o deputado estadual João Leite, presidente municipal do PSDB.
Festa da suplência
Com a saída de deputados federais titulares que assumem cargos no executivo, sete suplentes já tomaram posse na Câmara dos Deputados: Marcelinho Carioca (PT-SP), Humberto Michiles (PR-AM), Pinto de Luna (PT-AL), Léo Oliveira (PMDB-SP), Osvaldo Coelho (DEM-PE), Dr. Sinval Malheiros (PV-SP) e Wadson Ribeiro (PCdoB-MG). A Casa está em recesso e não haverá sessões até o fim desta legislatura, em 31 de janeiro. Mesmo assim, terão direito a receber o salário de janeiro, de R$ 26,7 mil, e 13º salário proporcional. Poderão ainda usar a verba mensal de R$ 78 mil para pagar funcionários de gabinete e auxílio-moradia no valor de R$ 3,8 mil, além da cota parlamentar que varia de R$ 27,9 mil a R$ 40,7 mil. Dois suplentes também reassumiram o cargo em decorrência de licença dos titulares: Zé Carlos da Pesca (PRB-BA) e Severino Ninho (PSB-PE).
PINGAFOGO
Fernando Pimentel postou em seu perfil no Facebook a logomarca de sua administração, que tem como slogan “governo de todos”: o triângulo em perspectiva, com um dos vértices aberto. Em sua descrição, Pimentel afirma: “Uma marca que expressa o símbolo do que será a nossa administração. Uma Minas Gerais muito mais aberta e generosa. Um governo de todos os mineiros e mineiras”.
Queda de braço no ninho tucano para a sucessão de Antonio Imbassahy (BA), na liderança da bancada federal do partido. Entre os oito pretendentes, concorrem os deputados federais Marcus Pestana (MG) e Carlos Sampaio (SP). Em campanha, Pestana já enviou correspondência aos 54 parlamentares tucanos, dos quais 29 são novos.
O futuro presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB) dá como certa a composição da Mesa Diretora dos próximos dois anos: Hely Tarquínio (PV) na primeira vice; Lafayete Andrada (PSDB) na segunda vice; Ulysses Gomes (PT) na 1ª secretaria; Bráulio Braz (PTB) na 2ª secretaria; e Alencar da Silveira (PDT) na 3ª. Mas é controversa entre tucanos a ideia de abrir mão da 1ª secretaria…