Depois de 12 anos enfrentando a oposição do PT na Assembleia, os deputados estaduais do PSDB planejam uma espécie de “vingança” contra os principais rivais. Agora na oposição, os tucanos se articulam para desarquivar este ano as propostas de autoria dos parlamentares consideradas espinhosas para o Executivo e afirmam que irão cobrar dos novos governistas o mesmo empenho com que antes defendiam as benesses. A ideia é continuar com a estratégia adotada nas últimas semanas de trabalho no Legislativo, quando deputados do PSDB e seus aliados se revezavam na tribuna para dizer que, agora no governo, o PT não terá a mesma boa vontade com o funcionalismo e outras bandeiras.
Na lista, estão vários projetos beneficiando os servidores, como a instituição de remuneração mínima, gratificações e adicionais, o vale-cultura e até a instalação de creches e berçários na Cidade Administrativa e nos batalhões de polícia. Sobraram ainda a anistia aos professores que fizeram greve em 2011 e pedidos de concessão do passe livre nos ônibus intermunicipais para idosos, deficientes físicos e mentais, por exemplo. Outra área que a oposição petista fez investidas foi a dos tributos. Os deputados apresentaram projetos reduzindo a cobrança de ICMS das contas de luz e água e isentando a cobrança do imposto para o comércio de fertilizantes, por exemplo, além de proporem a isenção do IPVA para carros antigos.
“Agora que eles são governo, vamos ver se terão o mesmo empenho em defender as propostas”, provoca um tucano. Já no fim deste ano, depois de ver o seu candidato na sucessão, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB), derrotado nas urnas, o Executivo, tendo o governador Alberto Pinto Coelho (PP) à frente, enviou à Assembleia propostas de reajustes salariais e diversos pedidos de isenção ou redução tributária para o empresariado. Rapidamente, os papéis se inverteram. Enquanto a base do atual governo pedia a votação, os parlamentares do PT a impediam, alegando que a gestão do governador eleito Fernando Pimentel (PT) ficaria prejudicada.
Discurso O líder da maioria, deputado Gustavo Valadares (PSDB), disse que o resgate de propostas não é uma diretriz oficial dos parlamentares tucanos, mas confirmou o movimento. “Ouvi que alguns deputados vão fazer, mas não foi combinado pelo partido. Eu, por exemplo, prefiro cobrar as propostas do próprio Pimentel, aquilo que foi propagado na campanha”, disse. Para Valadares, os próprios petistas podem reapresentar os projetos. “Acho que vão continuar com o discurso demagogo. Não saberão ser governo ou exercerão os dois papéis: vão ficar com o bônus e na hora do ônus nos ajudar a criticar”, prevê.
O líder do futuro governo Pimentel, deputado Durval Ângelo (PT), disse que os projetos que forem bons serão tratados com carinho. “Como líder do governo, quero fazer uma boa interlocução com a oposição, então, os projetos que forem interessantes serão analisados”, afirmou. O petista, porém, criticou a ideia de vingança e disse esperar coerência dos parlamentares. “A gente nunca faz política olhando para trás. Se a gente fosse tratar na mesma moeda, íamos ‘desarquivar’ todos os textos do governo que fomos contrários, imagina a luta”, disse.