O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) usou as redes sociais para comentar a primeira medida implementada pelo seu sucessor, José Ivo Sartori (PMDB). Assinado na sexta-feira e publicado nesta segunda-feira, 5, no Diário Oficial, o decreto com validade de seis meses prevê o corte de despesas do Poder Executivo, o congelamento de concursos públicos e também a suspensão do pagamento de fornecedores quando se tratarem de débitos da gestão anterior. O objetivo, de acordo com a equipe do atual governo, é fazer um esforço para equilibrar o caixa estadual e, desta forma, combater a crise financeira do Estado.
No sábado à noite, Tarso postou em sua página pessoal no Facebook: "Ainda bem que não fui eu. Seria calote". O post teve centenas de compartilhamentos e provocou comentários tanto positivos como negativos.
Depois, no domingo, o petista recorreu ao Facebook e ao Twitter para esclarecer que a afirmação anterior era, na verdade, uma crítica aos meios de comunicação que, segundo ele, foram muito duros com seu governo. "Quem entra tem período de 'graça'. Não critiquei Sartori. Disse: se fosse eu, a mídia que está em 'dúvida', diria, sem dúvida, que era calote", escreveu.
O petista continuou a discorrer sobre o tema dizendo que Sartori recebeu uma "procuração em branco" ao assumir o mandato, no último dia 1º. Também questionou aqueles que contestam a situação econômica do Estado. "Quem diz que o RS está travado, com crescimento 70% a mais do que o país, o que diria do reino da 'austeridade' (Espanha), com 25% de desemprego?", disse.
A equipe de Sartori ainda não divulgou qual deverá ser a economia obtida com a execução do decreto, mas disse que as medidas de contenção são essenciais para garantir o salário dos servidores, pelo menos nos primeiros meses do ano - a folha custa R$ 1,9 bilhão todos os meses ao Estado. O novo governo também tem afirmado que a suspensão de pagamentos a fornecedores e o corte de gastos não vão atingir serviços essenciais de áreas como saúde, educação e segurança. Além disso, se comprometeu a negociar com aqueles que forem afetados pelo decreto, para encontrar uma solução à inadimplência.
"O grande debate é, com perdão dos editorialistas liberais, quem paga a conta da 'austeridade'? Os muito ricos ou a classe média e os pobres? O aprofundamento do debate ajuda a deixar claro o verdadeiro sentido das políticas de austeridade. Em todo o mundo. Em todas as regiões. Em todos os lugares que essas políticas foram aplicadas, os médios e pobres pioraram de vida. Os ricos ficaram mais ricos", afirmou Tarso no Facebook.
No Twitter, ele complementou: "Estado travado, quebrado. Essa é a mensagem. Bem, quem vamos 'ferrar' para arrumar tudo isso? Cada um tem um palpite."