Apontado pelo doleiro Alberto Yousseff como beneficiário de propina no esquema de corrupção na Petrobras, o líder do PMDB na Câmara e favorito na disputa pela presidência da Casa, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que irá trabalhar para que seu partido apoie a criação de uma nova Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da estatal.
Mencionado na Operação Lava Jato, Cunha alega que só uma nova investigação pode esclarecer as denúncias envolvendo seu nome. "É a única forma de mostrar que não tememos nada. Quem não deve, não teme", disse.
Em dezembro, a CPMI da Petrobras foi concluída sem agregar novos fatos às investigações em curso na Justiça Federal. Diante da expectativa de revelação do braço político envolvido no esquema de corrupção na estatal, a oposição começou a coletar assinaturas para a instalação de uma nova comissão no Congresso. Como deputados e senadores estão em recesso, várias listas de pedido de criação da comissão estão circulando, mas a ideia dos líderes oposicionistas é unificar os esforços e começar o ano legislativo, a partir de 1º de fevereiro, protocolando o requerimento. "Vamos assinar todas (as listas) logo", declarou o peemedebista.
PSDB, DEM e PPS atuam na articulação da nova comissão e Cunha sabe que, com o PMDB, a oposição não terá nenhuma dificuldade em inaugurar o ano com uma nova apuração contra o governo. Cunha quer levar o assunto aos partidos que hoje "gravitam" na órbita do PMDB da Câmara, como PSC, PRB e siglas nanicas, além dos apoiadores de sua candidatura, como o Solidariedade (que já integra o bloco oposicionista) e o insatisfeito PTB. "O apoio do PMDB praticamente assegura a existência de uma nova CPI", comemorou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
Hoje, o ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, reiterou que o governo não vê razão para una nova CPI. "Num País que tem Ministério Público que atua, que tem Controladoria-Geral da União que atua, um Judiciário que atua, uma Polícia Federal que atua, isso é muito mais eficiente e não há necessidade de CPI", declarou. O petista avaliou que as instituições estão sendo "eficientes" no combate à corrupção e não comentou a ameaça do líder do PMDB.
Provas
Cunha negou o vínculo com o doleiro Alberto Youssef e disse que a menção a seu nome é "mentirosa". "Provem", desafiou o deputado ontem, durante agenda de campanha em Manaus (AM).
Cunha considera que "fontes vazadoras" são ligadas aos seus oponentes e agem com o objetivo de constranger sua candidatura. Aos aliados, o peemedebista afirmou que o PT da Câmara não tem força para agir sozinho em favor do atual vice-presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e vincula os vazamentos ao Palácio do Planalto. "Ele pode até perder a eleição, mas isso não vai ficar barato não", avaliou um aliado. (Colaborou Rafael Moraes Moura)