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Estado de Minas

Próximo presidente da Câmara vai decidir investigação em desvios na Petrobras

Favorito para presidir a Câmara a partir de fevereiro, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é citado nas apurações da PF e do MP. O cargo permite interferência nos processos de cassação


postado em 09/01/2015 06:00 / atualizado em 09/01/2015 07:23

Eduardo Cunha (E) participa de discussão na instalação da CPMI da Petrobras: deputado peemedebista terminou virando alvo de acusações (foto: Luís Macedo/Agência Câmara - 26/3/14)
Eduardo Cunha (E) participa de discussão na instalação da CPMI da Petrobras: deputado peemedebista terminou virando alvo de acusações (foto: Luís Macedo/Agência Câmara - 26/3/14)

Brasília – Apontado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiários do esquema de pagamento de propina com recursos da Petrobras, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), pode comandar a Câmara dos Deputados, caso se confirme como o favorito dos parlamentares na eleição para a Mesa Diretora em fevereiro, em meio a investigações contra ele próprio e cinco colegas. Além das apurações da Polícia Federal e do Ministério Público, o Psol, responsável pelo pedido de abertura de processo contra os deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e André Vargas (sem partido), no âmbito do Legislativo, reúne-se nos próximos dias para avaliar a possibilidade de requerer o mesmo contra os seis congressistas citados na Operação Lava-Jato.

Argôlo escapou da cassação depois de manobras protelatórias com o apoio de correligionários. Já André Vargas perdeu o mandato em dezembro. Os deputados seguiram o parecer do relator Júlio Delgado (PSB-MG), que apontou quebra de decoro parlamentar do ex-petista por ter atuado na intermediação junto ao Ministério da Saúde em favor do laboratório Labogen, de Youssef, preso em março por participação em esquema de lavagem de dinheiro. O mesmo doleiro, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, disse que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, intermediava a entrega de propina também a Cunha. O peemedebista nega as acusações.

Além de Cunha, cinco parlamentares reeleitos foram citados na investigação do esquema. Em acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou os nomes de Vander Loubet (PT-MS), Nelson Meurer (PP-PR), Simão Sessim (PP-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otavio Germano (PP-RS). Segundo o líder do PSol na Câmara, Ivan Valente (SP), o partido vai avaliar a apresentação de pedidos de investigação contra todos. “Em reunião da bancada, vamos ver se há elementos suficientes para pedir a apuração. A denúncia contra Cunha é muito grave”, diz.

As denúncias contra Cunha, no entanto, não afetaram o apoio do PMDB, PTB, PSC, SD e DEM à sua candidatura para a Presidência da Câmara. “As justificativas dele foram bastante claras. A bancada está unida na adesão a ele”, garante o líder do PTB, Jovair Arantes (GO). O peemedebista Lúcio Vieira Lima (BA) afirma que as últimas notícias não afetaram “em um milímetro sequer” o apoio da legenda a Cunha. O candidato diz que tem “absoluta convicção” de que as informações de Youssef são falsas. Ele afirma que conhece Fernando Baiano, uma vez que o lobista era representante de uma empresa espanhola e, nessa condição, já visitou seu escritório. Ele nega qualquer outra ligação com o investigado.

O presidente da Câmara pode ter interferência direta em processos de cassação de deputados, uma vez que ele é responsável por colocar os pedidos em pauta na Casa. Por uma rede social, Cunha reagiu às denúncias na madrugada de ontem. O peemedebista atribuiu o vazamento das informações à candidatura oponente à Presidência da Câmara, em referência a Arlindo Chinaglia (SP), nome do PT para a disputa.
 
Nova CPI

Cunha disse ainda que vai pedir à bancada do PMDB que assine requerimento para uma nova CPI da Petrobras no Congresso. “Se antes já achava inevitável a nova CPI mista, agora tenho certeza absoluta que, com nosso total apoio, ela será instalada”, registra o deputado. O governo reagiu.

O novo ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, voltou a destacar que não vê necessidade de um novo colegiado porque o Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União, o Judiciário e a Polícia Federal já apuram o caso. “Hoje essas instituições funcionam, se alguém acha que elas não funcionam que venham sustentar isso. Nós achamos que ela funcionam e que são eficientes no combate à corrupção”, resumiu.

Ele também negou que o Planalto articule nos bastidores a condução da presidência da Câmara. Segundo ele, o governo não interfere nos assuntos administrativos do Poder Legislativo, por respeitar a independência e a harmonia entre os poderes. “É um assunto político dos partidos que compõem a Câmara dos Deputados. Existem três candidaturas e o governo não interfere nesse assunto”, ressaltou.

Vander Loubet (PT-MS), Simão Sessim (PP-RJ) e Luiz Fernando Faria (PP-MG) negam qualquer envolvimento com os esquemas investigados pela Operação Lava-Jato. Já José Otávio Germano (PP-RS) e Nelson Meurer não foram localizados pela reportagem.


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