Os investigadores precisam checar a veracidade e o grau de verdadeiro comprometimento das autoridades envolvidas. Em depoimento em delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ordenou que fossem pagas dívidas da agência de publicidade Muranno, contratada pela Petrobras. Segundo Youssef, a ordem foi dada ao ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. As agências Muranno e a Mistral, do publicitário Ricardo Vilani, receberam, entre 2010 e 2011, R$ 3,64 milhões de firmas controladas pelo doleiro. Lula e Gabrielli negam as acusações.
O vice-presidente da República, ex-deputado Michel Temer (PMDB), aparece em uma planilha apreendida pela Polícia Federal na Camargo Corrêa. O documento relaciona obras públicas, a situação em que se encontra e os valores estimados do projeto e do edital.
O deputado Luiz Argôlo (SD-BA) e o parlamentar cassado André Vargas (sem partido) são mencionados nos próprios inquéritos da Polícia Federal, que foram remetidos ao Supremo Tribunal Federal. O primeiro é suspeito de receber recursos ilícitos de Youssef. O segundo, de atuar em negócio dele no Ministério da Saúde. Vargas acabou perdendo o mandato por quebra de decoro.
Outros casos
A listagem de citados poderia ser ainda maior. Só uma relação de doações eleitorais de 2012 feitas pela Camargo Corrêa, segundo apreensão nos escritórios da empreiteira, menciona mais 35 nomes. Mas não se sabe se são contribuições de campanhas lícitas ou de caixa dois. Alguns nomes estão escritos a caneta.
A PF ainda apura a real participação dos citados na Lava-Jato. Boa parte das investigações, incluindo as relacionadas ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai ser aberta pelo Supremo a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O caso de ex-governadores e ex-parlamentares será analisado em primeira instância. Todos os acusados que se pronunciaram até o momento negaram a participação em crimes ou atos ilícitos, alguns admitindo apenas o relacionamento com os delatores.
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