Governo dá retorno às queixas dos partidos aliados

Representantes de partidos aliados reclamam mais espaço no governo Dilma

Grasielle Castro
A pressão por cargos no segundo escalão e a insatisfação dos aliados com relação ao espaço que conquistaram na Esplanada levaram o governo a reagir.
Nessa quinta-feira, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, foi escalado para amenizar publicamente os ruídos causados entre os partidos que apoiam a presidente Dilma Rousseff (PT) com as queixas. De acordo com Vargas, a composição do governo levará em conta três princípios: capacidade de gestão, histórico de probidade administrativa e equilíbrio entre as siglas da coalizão. A declaração do ministro abriu espaços para interpretações sobre a possibilidade de perda de espaço dos partidos que já possuem cargos em estatais, diretorias e superintendências e não querem abrir mão de suas fatias.


Apesar da chiadeira das siglas da base, o ministro disse ainda que considera normal essa reação dos partidos. “Encaramos todas as manifestações, que eventualmente acham que um pode estar melhor posicionado, como normais. Não conheço nenhum governo na face da Terra que não tenha sido constituído e eventualmente não possa ter uma queixa, isso está dentro da normalidade”, minimizou.

Um dos que mais têm reclamado é o PMDB. O partido terminou o ano rachado. A bancada no Senado, que costumava ser fiel à presidente, promete dar trabalho no início dos trabalhos legislativos.

A ameaça de se tornar independente e de analisar cada proposta separadamente tem servido como munição para garantir a permanência dos cargos que o partido já ocupa e angariar mais espaço. Entre os governistas, entretanto, há a avaliação de que a legenda não tem motivo para reclamar, pois conseguiu os seis ministérios que lhe foram prometidos.

Por outro lado, também há partidos insatisfeitos, que têm acusado o governo de dar muito espaço para os peemedebistas. A mesma briga para proteger os cargos conquistados e o temor de perder espaço também são quesitos que fazem parte da rotina de outros partidos. Um dos motivos que deram mais combustível para os partidos agirem na defensiva foi a possibilidade de assumirem as pastas sem carta branca. No Planalto, a informação é de que não há ministério com porteira fechada, jargão que indica que o chefe da pasta terá liberdade para fazer indicações para todos os cargos. A decisão sobre cada nome será discutida pela presidente com a ajuda de auxiliares, como o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

O PP, por exemplo, ao deixar o Ministério das Cidades e assumir a Integração Nacional espera abarcar a pasta inteira. Apesar da expectativa, o ministro Gilberto Occhi deve levar apenas o comando do Banco do Nordeste. Já o PR se esforça para retomar o controle do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). No meio do ano passado, o partido fez uma forte pressão e conseguiu emplacar um ministro do Transporte que melhor representasse a legenda. Na época, caciques do partido diziam que a mudança no comando do Dnit viria junto, mas o órgão segue chefiado pelo auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) Tarcísio Gomes de Freitas, substituto desde agosto do ano passado.

Estados cortam cargos

Governadores de pelo menos 11 estados anunciaram redução de cargos de confiança e de secretarias, mas os cortes efetivos de gastos não são imediatos. A maioria prevê diminuir despesas este ano, mas o detalhamento das medidas não foi divulgado. Em tempos de baixo crescimento econômico e com o governo federal adotando medidas de maior rigor fiscal, governos estaduais procuram demonstrar austeridade nesse início de mandato. O governador reeleito do Amazonas, José Melo (PROS), por exemplo, disse querer economizar R$ 700 milhões do orçamento de R$ 15,6 bilhões para 2015 e que vai extinguir secretarias, mas não especificou detalhes dessas medidas.


Apesar de não anunciar corte de secretarias, o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou medidas como o contingenciamento de 10% das medidas discricionárias do orçamento para 2015, equivalente a R$ 6,6 bilhões. Decisão semelhante tomou Luiz Fernando Pezão (PMDB) no Rio. Ele quer cortar R$ 1,5 bilhão em despesas e determinou às 25 secretarias – número igual ao do mandato anterior – que definam os cargos a serem extintos.

 

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