Candidato à presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), disse nesta terça-feira que vai "tirar a limpo" o envolvimento de seu nome no esquema de corrupção na Petrobras. Ele chamou de "alopragem que não deu certo" as notícias de que foi citado em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, e pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Cunha considera esclarecido que não tem nenhuma ligação com Youssef e Jayme.
Na segunda-feira, o advogado do doleiro, Antônio Basto Figueiredo, disse que Youssef nega ter mandado Jayme entregar dinheiro do esquema a Cunha. Jayme disse a investigadores, em novembro passado, ter sido encarregado de entregar dinheiro em uma casa na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, e ter ouvido do doleiro que era a residência de Eduardo Cunha. A mansão, no entanto, pertence ao advogado Francisco José Reis, conhecido como Chico Reis, que foi assessor, por dez anos, do presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, como revelou o jornal O Globo.
Cunha negou conhecer Chico Reis e disse estar provado que seu nome foi envolvido de forma indevida. "A alopragem não funcionou. Não há dúvida de que isso acontece em função da minha candidatura (à presidência da Câmara). Vou querer tirar essa história a limpo", afirmou Cunha, que disputa com os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG).
O líder do PMDB faz uma relação indireta com o episódio conhecido como "aloprados", ocorrido em 2006, pouco antes do primeiro turno das eleições.
Cunha evitou citar quem poderia estar por trás do envolvimento de seu nome no escândalo da Petrobras, mas prometeu, depois da eleição para a presidência da Câmara, buscar os responsáveis. O peemedebista disse ter recebido solidariedade de vários deputados e acredita que sua candidatura foi fortalecida depois das notícias de que foi denunciado por Yussef e Jayme.
"Não tenho nenhuma ideia de quem seja (Chico Reis). Se o cumprimentei em alguma ocasião, não sabia de quem se tratava. Sou vítima nessa história. O cara (Jayme) deu um endereço que não era o meu, tenho ligação zero com isso", afirmou Cunha. Ele afirmou não ter ideia dos motivos que teriam levado Jayme à casa do advogado..