Aécio vê 'farsa' para minar investigações da Operação Lava- Jato

Depois de o advogado de Youssef negar negócios do doleiro com Anastasia, presidente do PSDB diz que 'falsas acusações' são manobra para 'minar a credibilidade' das investigações

Estado de Minas

"A oposição permanecerá atenta, denunciando todas as tentativas de impedir que a Operação Lava-Jato atinja o seu objetivo de apresentar ao país a verdade sobre o maior escândalo de corrupção da nossa história, revelando seus mentores e beneficiários", disse2 Aécio Neves (PSDB-MG), senador e presidente do partido - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado - 24/11/14


Brasília – Em defesa de seu aliado, o senador eleito e ex-governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB-MG), o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), disse nessa terça-feira que as “falsas acusações” que ligam o tucano à Operação Lava-Jato têm como objetivo “minar a credibilidade” das investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Aécio divulgou nota para denunciar o que chama de “farsa” e “manobras em curso” para enfraquecer as investigações da Lava-Jato. A reação ocorre depois de o advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, ter dito que seu cliente não tem “negócios” nem conhece Anastasia ou o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB e candidato à Presidência da Câmara. Em outra frente, Anastasia pediu à Justiça Federal ontem acesso ao depoimento em que o policial federal Jayme Alves Filho o teria citado e a Cunha como destinatários de recursos enviados pelo doleiro.

Na nota, Aécio afirma que o policial Jayme Alves Filho “mentiu” quando envolveu Anastasia como um dos beneficiários da organização criminosa, o que revela a “gravidade e o alcance dessas articulações”. “Misturar falsas acusações com fatos reais já comprovados é estratégia de quem tenta minar a credibilidade das investigações. A oposição permanecerá atenta, denunciando todas as tentativas de impedir que a Operação Lava-Jato atinja o seu objetivo de apresentar ao país a verdade sobre o maior escândalo de corrupção da nossa história, revelando seus mentores e beneficiários”, afirma o tucano. Segundo Aécio, o PSDB considera “fundamental que sejam identificados responsáveis pela mesma e as suas motivações”. Em estratégia semelhante à de Aécio, Cunha disse na manhã de ontem que o envolvimento de seu nome no esquema foi uma “alopragem que foi desmoralizada”.

Apontado como transportador de dinheiro do doleiro, “Careca”, como Jayme é conhecido, disse ter entregue R$ 1 milhão a uma pessoa que, mais tarde, reconheceu como sendo o “candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais” em 2010 – Anastasia.
O agente foi denunciado e afastado das funções por integrar o grupo de “mulas” do doleiro, alvo central da Lava-Jato.

No pedido entregue à Justiça, a defesa de Anastasia sustenta que a declaração de Careca é uma “irresponsável insinuação” e, como já havia feito publicamente, nega que ele tenha recebido dinheiro do agente. Tabela apreendida pela Polícia Federal em um escritório de Youssef indica que o policial federal fez ao menos 31 entregas de dinheiro vivo entre 2011 e 2012. O valor distribuído chegou a R$ 16,9 milhões.

Segundo o advogado de Youssef, estão ocorrendo vazamentos “frutos de interesses políticos para tumultuar investigações”, por isso, ele vai protocolar na Justiça uma petição dizendo que Youssef não determinou remessas de dinheiro nem para Anastasia nem para Cunha. “Meu cliente não tem negócios com Anastasia nem com Eduardo Cunha. Meu cliente mandou dinheiro para Belo Horizonte, mas não mandou entregar para Anastasia …Fazemos uma colaboração correta (na delação premiada obtida por seu cliente), evitamos atribuir fatos a terceiros. Qualquer envolvimento de políticos agora é precipitado e perigoso”, disse Basto, na segunda-feira.

‘Alopragem’

Candidato à Presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), disse ontem que vai “tirar a limpo” o envolvimento de seu nome no esquema de corrupção na Petrobras. O deputado sustenta que é alvo de uma montagem política para prejudicar sua candidatura ao comando da Câmara. “No primeiro momento, (essa acusação) foi desmoralizada por si mesma porque os endereços (da entrega do dinheiro) não diziam respeito a mim. Depois, teve notícia de que eu era citado na própria delação. Agora, o advogado (de Youssef) desmentiu isso. Eu diria que isso é uma alopragem que foi desmoralizada”, afirmou o deputado. “Tentaram criar um constrangimento para minha candidatura através de denúncias falsas, vazias, com intuito de beneficiar outras candidaturas.
Foi um tiro na água, e de festim”, completou.

O policial Jayme Alves disse a investigadores, em novembro, ter sido encarregado de entregar dinheiro em uma casa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e ter ouvido do doleiro que era a residência de Eduardo Cunha. A mansão, no entanto, pertence ao advogado Francisco José Reis, conhecido como Chico Reis, que foi assessor, por 10 anos, do presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, como revelou o jornal O Globo. Cunha negou conhecer Chico Reis e disse estar provado que seu nome foi envolvido de forma indevida.

Novo diretor

A Petrobras divulgou ontem o nome do primeiro titular escolhido para a nova diretoria de Governança, Risco e Conformidade. O engenheiro João Adalberto Elek Junior, de 56 anos, foi eleito pelo Conselho de Administração da companhia, em reunião ontem, e terá mandato de três anos. A nova diretoria foi criada em novembro, e terá como atribuição prevenir o risco de fraudes em contratos, além de observar o atendimento das leis e regras internas da Petrobras em todos os seus negócios. De acordo com comunicado da estatal ao mercado, Elek Júnior foi diretor financeiro da Fibria Celulose, “onde exerceu as funções de relações com investidores, controle e gestão de riscos e finanças’. Também foi diretor financeiro na empresa de telecomunicações Net e no Citibank. Passou, ainda, pela diretoria da subsidiária brasileira da empresa americana de telecomunicações AT&T.

 

.