Os suíços também darão aos brasileiros acesso a informações sobre quem teria feito os depósitos e quem os recebeu. Entre os nomes buscados na investigação estão Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, o suposto operador do PMDB, além de empreiteiras e seus intermediários.
Em novembro de 2014, uma primeira missão de procuradores viajou até Lausanne para iniciar a cooperação com os suíços. O acesso aos documentos naquela viagem garantiu, segundo os procuradores, a descoberta de novas informações sobre como agiam os suspeitos.
Durante a viagem, os brasileiros tiveram acesso aos documentos e extratos bancários das contas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As informações poderão ser fundamentais para a Operação Lava Jato. Ficou estabelecido também naquele momento que o dinheiro de Costa seria repatriado ao Brasil, ainda que a data e o procedimento não tenham sido fixados.
Orlando Martello, um dos procuradores que esteve em Lausanne em novembro, confirmou que os documentos de movimentações de Costa foram fornecidos pelos suíços. Eles mostram quem fez pagamentos e quem recebeu o dinheiro, cerca de US$ 26 milhões.
As novas descobertas, no entanto, não chegaram ao Brasil a tempo de serem incluídas nos primeiras denúncias apresentadas à Justiça Federal em dezembro, antes do recesso judiciário. No final do ano passado, a Procuradoria da República no Paraná fez cinco denúncias contra 39 suspeitos, incluindo executivos de grandes empreiteiras.
No início do ano, os suíços iniciaram sua própria investigação e identificaram como as contas encontradas tinham uma relação direta com refinarias em Pernambuco e nos EUA. Costa poderá responder a um processo de lavagem de dinheiro na Suíça.
Cinco contas em nome do ex-executivo da empresa foram encontradas com um total de US$ 26 milhões. Os recursos voltarão ao Brasil para uma conta que será administrada de forma conjunta pelo Ministério Público e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O conteúdo dos extratos, quem alimentou as contas na Suíça e quem recebeu o dinheiro estão mantidos sob total sigilo enquanto a delegação brasileira estiver em Lausanne. O que os suíços fizeram, porém, foi traçar a origem e o percurso do dinheiro, o que revelou um caminho e envolvidos até agora desconhecidos no Brasil. Na Suíça, Costa não é o único investigado e a apuração do MP local avalia toda a rede de pagamentos.
Os documentos foram liberados pelos bancos suíços por exigência da Justiça, que acumula verdadeiro dossiê sobre como funciona o pagamento de propinas no Brasil. Algumas das evidências apontam que as contas e o esquema já funcionam há anos nos bancos suíços, principalmente em Genebra..