O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) rechaçou a possibilidade de desistir da candidatura à Presidência da Câmara dos Deputados. Apoiado pelo PSDB, o parlamentar calcula que o número de dissidentes será "inexpressivo" no bloco que já declarou apoio à sua candidatura. "Terei o (número de votos) suficiente para ir para o segundo turno", prevê o candidato.
Delgado disputará no dia 1º de fevereiro o posto contra o petista Arlindo Chinaglia (SP) e o peemedebista Eduardo Cunha (RJ), que é considerado favorito. O deputado tem formalmente o apoio, além de seu partido e dos tucanos, do PPS e do PV. Juntos, os partidos somam 106 deputados na nova legislatura. Em 2013, quando se candidatou ao cargo pela primeira vez, o pessebista teve 165 votos.
O deputado reclamou que os adversários tentam trabalhar para enfraquecer sua candidatura de terceira via. Embora não revele o número de apoios declarados entre os demais partidos, o candidato calcula que o número de "traições" na campanha dos colegas de Parlamento será mais expressivo do que eventuais dissidências em seu "front". "Do meu lado os dissidentes serão menores do que do lado deles", comentou.
O candidato tem feito uma agenda de campanha mais restrita e diz que não pretende visitar todos os Estados. Seu foco são encontros com governadores e lideranças políticas, principalmente do PSDB. Ele já visitou Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Na próxima semana vai ao Rio Grande do Sul.
Deputados do PSDB negam a possibilidade do partido desembarcar da candidatura, independentemente de Delgado ser considerado o candidato mais fraco da disputa. Os tucanos chegaram a cogitar a possibilidade de apoiar Cunha como forma de impor uma derrota ao PT, mas concluíram que seria importante se aliar neste momento a uma candidatura de "real independência" em relação ao Palácio do Planalto. "Esse sentimento (de derrotar o PT) continua existindo, mas vamos tentar ganhar com Júlio Delgado", declarou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).
Um dos articuladores do apoio a Delgado na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), hoje secretário de Logística e Transportes do governo Geraldo Alckmin, minimizou as chances dos tucanos migrarem o voto para outro candidato. "Nem o Cunha nem o Chinaglia são unanimidades em seus partidos", disse o tucano, que no dia 1º tomará posse e participará da eleição da Mesa Diretora da Casa.