Base 'flutuante' na Assembleia pode apoiar projetos do Executivo

Deputados 'independentes' articulam a formação de um bloco com até 26 parlamentares. Grupo estaria disposto a votar com o governo só em projetos de interesse da sociedade

Juliana Cipriani
Deputados no plenário da Assembleia: na atual legislatura, a Casa também se dividiu em três blocos, com a base se dividindo em duas - Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press 12/3/14

Eleito com uma pequena base garantida na Assembleia Legislativa, o governador Fernando Pimentel (PT) pode se valer de uma composição na Casa que lhe asseguraria os votos de cerca de 50 dos 77 deputados estaduais, número que lhe dá sustentação suficiente para aprovar os projetos do Executivo. Isso porque ele deve contar com uma espécie de base “flutuante”. São parlamentares que se articulam para formar um bloco independente que se diz disposto a apoiar projetos que forem bons para o estado. Quem põe eles na conta é o líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT), que pretende intensificar as conversas com os pequenos partidos na semana que vem.

As reuniões entre os independentes têm ocorrido toda quarta-feira, de acordo com o deputado Fred Costa (PEN). Estão na articulação partidos pequenos e médios, sendo que já estão “devidamente acordadas”, segundo o parlamentar, as participações de PHS, PSC, PTC, PTN, PR e PSD. “Esses já vão caminhar junto e temos ainda uma conversa preliminar com PTdoB, PV e PSB. A expectativa é fazer um terceiro bloco composto por legendas que não querem ser oposição nem governo”, afirmou Costa.
De acordo com o parlamentar, a sistemática será votar o que for considerado conveniente.

Os independentes pretendem chegar a reunir entre 22 e 26 deputados, o que lhes valeria, como bloco, a prerrogativa de fazer a segunda escolha na formação das comissões da Assembleia. “Esse bloco tem o acordo de funcionar efetivamente como bancada unida, com reunião semanal e indicação de como agir nas votações de comissão e plenário”, afirmou Fred Costa.

Durval Ângelo, líder do governo na Assembleia - Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press 9/12/14 O líder Durval Ângelo acredita que Pimentel terá uma base superior a 50 deputados. “Temos o nosso bloco do PT, PMDB, PRB, Pros e PCdoB, com 26 integrantes, mas garantimos a adesão de pequenos partidos e o crescimento do bloco independente, que deve ser anunciado semana que vem e pode ter até 24 nomes”, afirmou o petista. Segundo Durval, essa segunda via deve ajudar a garantir as votações. “Todos os blocos independentes na Assembleia eram segunda via mas sempre apoiaram o governo. Não acredito que no governo Pimentel vá ser diferente”, afirmou. De acordo com o petista, já embarcaram nessa formação PV e PSD, base de governo, e só aí já são 12 deputados. Fred Costa negou que os independentes agirão como base de governo. “Não temos o compromisso de votar todas as matérias do governo. Se fosse para ser irrestritamente, seríamos do blocão, que nos daria mais espaço”, afirmou.

A oposição, formada principalmente pelo PSDB, acredita que os números estejam inflados e espera contar com dissidências de partidos como o PSD e o PDT para dar mais trabalho a Pimentel.
O deputado tucano João Leite se diz “animado” com a possibilidade de o bloco chegar a contar com 31 nomes. “Estamos com bons entendimentos. Além disso, para formar um terceiro bloco, é preciso ter mais de 16 deputados, acho muito difícil que eles consigam”, afirmou.

Na Legislatura atual, a Casa também se dividiu em três blocos. O de oposição ao governo que se encerrou com Alberto Pinto Coelho (PP) contava com 21 nomes do PT, PMDB e PRB. A base de governo se dividia em dois grupos: um de 29 deputados composto por DEM , PEN, PPS, PR, PSD, PSDB, PT do B e SDD e outro de 25 cadeiras formado por PDT , PMN, PP, Pros, PSB, PSC, PTB, PTC e PV..