Na semana passada, a medida gerou forte reação entre a oposição, entidades e sindicatos, que apontaram uma incoerência de discurso do governador.
"Quero deixar bem claro que não tenho nunca receio de rever posições. Sou uma pessoa como qualquer outra e acho que quem mais erra é quem às vezes não tem humildade de eventualmente voltar atrás", disse Sartori.
Ele também deixou claro que o recuo é uma opção de caráter pessoal do vice-governador e do governador, e que os aumentos salariais de secretários de Estado, deputados e membros do Judiciário - também sancionados na última sexta-feira - estão mantidos. "Respeitamos as outras instituições, sem adentrar na questão (do reajuste) dos outros poderes", disse.
Sartori explicou que decidiu sancionar os reajustes que haviam sido aprovados pela Assembleia Legislativa em dezembro, antes de ele assumir o governo, porque entendeu que era necessário preservar a autonomia dos outros poderes. "Mas fiquei na dúvida", justificou.
Ele reconheceu que houve uma forte reação da opinião pública, principalmente nas redes sociais, e disse que se aconselhou com pessoas próximas antes de voltar atrás. "Ouvi a voz dos gaúchos, que é a mais importante", falou.
Segundo Sartori, ele e Cairoli já assinaram um documento abrindo mão dos vencimentos por tempo indeterminado, que será oficialmente publicado no Diário Oficial. O Estado deve economizar cerca de R$ 180 mil por ano mantendo o salário atual do governador e do vice, montante irrisório para combater a crise financeira do RS. Técnicos estimam um déficit de mais de R$ 5 bilhões este ano.
A decisão de Ivo Sartori tem um componente mais político do que financeiro e na prática visa demonstrar solidariedade do Executivo com outros segmentos da sociedade que sentirão os efeitos das medidas de austeridade.
Após o anúncio Sartori se reuniu com o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), que está em campanha pela presidência da Câmara de Deputados. Ainda nesta tarde, o governador viaja a Brasília na companhia de secretários, onde haverá um encontro da delegação gaúcha com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP). Segundo Sartori, será a primeira oportunidade de expor ao Palácio do Planalto a atual situação do Rio Grande do Sul..