Até então aliados do PSDB em Minas Gerais, PSB e PR já sinalizam uma possível adesão ao governo Fernando Pimentel (PT).
Apesar de o PR já ter abocanhado uma pasta de peso, a Secretaria de Defesa Social, o presidente municipal do partido e deputado estadual eleito Léo Portela, que foi subsecretário no governo de Antonio Anastasia (PSDB), afirma que a bancada não foi contemplada. De acordo com ele, a indicação de Bernardo Santana, líder do PR na Câmara, é da cota pessoal de Pimentel.
Os outros dois integrantes da bancada do PR já são mais explícitos. Liberados pela direção estadual para tomar a posição que bem entenderem, Deiró Marra e Dr. Arnaldo dizem que estão em entendimentos com o PT. “Não temos resposta oficial ainda, mas nossos pleitos já apresentamos. Acredito que, até o final deste mês, tenhamos oportunidade de sentar com o próprio governador e levar indicações de cada um”, afirmou Deiró. As demandas, segundo o parlamentar, não necessariamente são cargos no Executivo. Em número insuficiente para formar oficialmente bancada, os deputados negociam espaço nas comissões na Assembleia. O partido também estaria interessado em subsecretarias e diretorias. “A intenção é compor a base de governo. Temos sinalizado neste sentido e queremos ser ouvidos”, afirmou Dr. Arnaldo.
No PSB, a história não é diferente. Segundo o também ex-secretário no governo tucano deputado Wander Borges, ainda não houve conversa. “Mas a posição do partido é ajudar em tudo o que for institucional. O que for bom para Minas apoiaremos sem problema. O sentimento é de ajudar a melhorar as coisas que estão ruins”, adiantou. Borges disse que os deputados aguardam instruções do presidente estadual da legenda, deputado federal Júlio Delgado. Este, porém, não descartou o entendimento. “Temos que ser chamados para conversar, ainda não fomos e não dá para analisar o que não existe”, disse.
ESTRATÉGIA Em reunião ontem com o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) e os secretários de Governo, Odair Cunha (PT), e de Casa Civil e Relações Institucionais, Marco Antônio Rezende, o líder na Assembleia Durval Ângelo afirmou que foi definida a estratégia para ampliar a base no Legislativo. “A partir desta semana, vamos começar a chamar todos os partidos.
De acordo com Durval, as negociações se darão primeiro entre as lideranças e os parlamentares, mas “vai haver um momento de conversa com o governador”. O líder afirmou que o Executivo está disposto a atender as demandas dos partidos para garantir aliados. “Faz parte do modelo nosso de presidencialismo. Ele exige que o Executivo atenda aos pedidos de deputados e partidos, é a regra política”, afirmou. Quanto ao PR, Durval afirmou que falar em cota pessoal é um eufemismo. “Além do Bernardo Santana, o pai dele, José Santana, que é presidente do partido, foi para o conselho do BDMG e já levou várias pessoas do PR para a secretaria”, afirmou.
Silêncio oficial O governador Fernando Pimentel (PT) oficializou a lei do silêncio na administração estadual. Depois de orientar pessoalmente os secretários de estado para que não concedessem entrevistas nos primeiros 90 dias de governo, o petista fez a ordem chegar, na sexta-feira, para assessores de imprensa de todas as pastas. Em comunicado, a Secretaria de Comunicação determina aos assessores de secretarias, autarquias e fundações que todos os pedidos de entrevista com os titulares devem ser “apreciados previamente” pela Superintendência Central de Imprensa. Segundo o documento, a solicitação atende ao prazo de 90 dias para levantamento dos dados da administração passada anunciado por Pimentel. Depois da primeira reunião com o secretariado, os titulares das pastas chegaram a dizer que estavam proibidos de dar entrevista nos três meses iniciais de gestão. O próprio governador não está falando com a imprensa. Nos eventos oficiais, a assessoria avisa previamente que Pimentel não concederá entrevistas.
Enquanto isso...
…Dilema nacional
Na esfera federal, um setor do PSB tem se movimentado dentro do partido para se reaproximar do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A ideia, encabeçada principalmente por lideranças próximas ao Planalto, como o ex-ministro da Integração e senador Fernando Bezerra (PSB-PE), no entanto, encontra fortes resistências na legenda.
O principal argumento de quem prega a independência é que os dois partidos – PT e PSB – têm visões diferentes. Oficialmente, o discurso é embasado na resolução do partido, aprovada em consulta aos diretórios, que prevê o distanciamento.
Bezerra Coelho, entretanto, tem defendido a união de forças políticas em torno do projeto de desenvolvimento.
A posição do ex-ministro foi encarada por alguns correligionários como um apelo devido à situação financeira de algumas unidades da Federação, como Pernambuco e o Distrito Federal, que têm governadores do PSB. Eles acreditam que o desejo do senador tenha o objetivo de tentar blindar essas localidades de uma crise econômica por falta de interlocução com o Palácio do Planalto. Presidente do PSB em Minas, o deputado federal Júlio Delgado, que concorre à presidência da Câmara, afirma que, nacionalmente, a posição do partido é de independência em relação ao governo Dilma. (Grasielle Castro)
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