João Valadares
Enviado especial
Curitiba – O Ministério Público Federal (MPF) vai oferecer, até o fim do mês, denúncias de improbidade administrativa contra seis empreiteiras que atuavam no esquema de corrupção da Petrobras. São o primeiro ato contra as pessoas jurídicas da organização criminosa, acusadas de formar um “clube VIP” para direcionar licitações bilionárias da estatal. O MPF confirmou ontem que, até junho, mais de 20 construtoras serão denunciadas criminalmente por formação de cartel.
A denúncia que será oferecida até o fim deste mês vai atingir as empreiteiras Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. Em dezembro, executivos das empresas em questão, além de ex-agentes públicos e doleiros, foram denunciados por diversos crimes, entre eles, formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro. Na ocasião, foram oferecidas 50 denúncias contra pessoas físicas, que apontaram 154 atos de corrupção e 105 de lavagem de dinheiro.
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa, afirmou ontem ao Estado de Minas que a investigação tem avançado em relação ao material probatório produzido contra a Odebrecht, maior empreiteira do Brasil, O Ministério Público Federal chegou a pedir a prisão temporária de executivos da empresa, no entanto, o juiz federal Sérgio Moro negou por entender que não havia provas suficientes.
“Nós avançamos diariamente em relação ao material probatório. A investigação tem momentos de maturidade diferentes. Cada empresa tem um esquema de lavagem de dinheiro diferenciado. Então, a análise de cada empresa envolve a produção de provas que são relativamente independentes”, justificou.
Três procuradores da República estão na Suíça para tentar rastrear documentos que liguem a construtora ao pagamento de US$ 23 milhões de propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O próprio prestou a informação em depoimento de delação premiada. A construtora nega.
O procurador Carlos Fernando de Lima não quis falar sobre o assunto. No entanto, deixou claro que a nova ida de procuradores à Suíça tem como objetivo tratar de diversos assuntos. A repatriação dos dólares desviados da Petrobras é apenas uma das tarefas da comitiva. O principal objetivo é identificar os intermediários que atuaram nas operações financeiras internacionais.
Fortuna no exterior
Se as informações prestadas pelos suspeitos que negociaram a delação premiada procederem, as contas de Costa, do ex-diretor de Serviços da petroleira Renato Duque, do lobista Fernando Baiano e de Pedro José Barusco Filho – ex-gerente executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras – têm recursos milionários. O próprio Paulo Roberto Costa e os executivos da Toyo Setal Júlio Camargo e Augusto Mendonça afirmam haver US$ 160 milhões e mais o equivalente a R$ 50 milhões ou R$ 60 milhões escondidos fora do país. A cifra pode chegar a US$ 183 milhões, R$ 476 milhões no câmbio atual.