Brasília - O ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), afirmou nesta terça-feira que o governo não está atuando para influenciar a eleição para a presidência da Câmara e que a formação do segundo escalão não está sendo feita com base nesse critério. Segundo Vargas, responsável pelo diálogo com o Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff decidiu jogar as nomeações para as diretorias de empresas estatais e de órgãos federais para depois da eleição das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado justamente para deixar claro que o Palácio do Planalto não quer usar as funções para ajudar um dos candidatos.
"Não formamos nosso governo com base no toma lá da cá. O governo vai ser
Na última semana, incomodada com a atuação de ministros para fortalecer a candidatura de Chinaglia, a Executiva Nacional do PMDB se reuniu e divulgou uma nota de apoio aos nomes do partido para disputar o comando da Câmara e do Senado. Embora o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deva ser reeleito com tranquilidade no dia 1º, ele planeja se colocar oficialmente o mais tarde possível para não virar "vidraça". Hoje, Vargas minimizou o gesto, ao ser questionado se o objetivo da legenda era "emparedar" o governo. "Encaramos com naturalidade. O PMDB disse óbvio, que apoiará os candidatos do PMDB", afirmou.
Ele também disse que o governo vê "com naturalidade" os impactos da operação Lava Jato - que investiga um esquema de desvios na Petrobras para o pagamento de propinas a políticos - no Legislativo. "Se houver congressista envolvido é provável que seja oferecida denúncia", pontuou. "Vamos aguardar o que a Procuradoria-Geral da República vai encaminhar".
Vargas defendeu que o Brasil possui instituições independentes e que pela primeira vez estão sendo punidos "corruptos e corruptores", mas voltou afirmar hoje ser contrário à criação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso para apurar irregularidades na estatal. "A CPI neste momento é um instrumento de oposição. Uma CPI neste momento não tem razão de ser", disse, sob o argumento de que o Judiciário e órgãos como a Controladoria-Geral da União, o Ministério Público e a Polícia Federal estão investigando a empresa com mais eficiência.
Ao comentar declarações recentes de Eduardo Cunha, que defende publicamente a reabertura de uma CPI na próxima legislatura, o ministro da SRI disse que o gesto "não contribui com uma boa relação".
'Porteira fechada'
Sobre a montagem do segundo escalão, Pepe Vargas declarou ainda que a presidente Dilma não deve adotar a chamada "porteira fechada", jargão segundo o qual o partido político que comanda um determinado ministério também ganha aval para nomear as diretorias de órgãos vinculados. "(A porteira fechada) não tem uma racionalidade técnica, de gestão e sequer política. Achamos melhor que seja avaliado caso a caso e não haja a chamada porteira fechada", disse Vargas. Apesar disso, ele alegou que o governo acha "compreensível" que o partido que recebeu o ministério "tenha uma certa preponderância" nas nomeações.