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Estado de Minas

Dilma faz primeira reunião ministerial do 2º mandato para defender arrocho e Petrobras

Dilma diz que as medidas econômicas adotadas pelo Planalto têm 'caráter corretivo' para 'manter rumos' e que não se pode 'enfraquecer' a estatal


postado em 28/01/2015 06:00 / atualizado em 28/01/2015 07:19

Dilma convocou os 39 ministros para referendar a nova política econômica e cobrar dos integrantes do primeiro escalão federal que se façam entender. A oposição reagiu às declarações da petista (foto: José Cruz/ABR)
Dilma convocou os 39 ministros para referendar a nova política econômica e cobrar dos integrantes do primeiro escalão federal que se façam entender. A oposição reagiu às declarações da petista (foto: José Cruz/ABR)

Depois de 26 dias sem falar em público, a presidente Dilma Rousseff quebrou o silêncio para dizer que não recuou das promessas de campanha. Como se estivesse em um palanque, defendeu a Petrobras e afirmou que combaterá qualquer tipo de corrupção. Na abertura da primeira reunião ministerial do novo mandato, a chefe do Executivo destacou que as últimas medidas fiscais que mexeram com o bolso do consumidor são de “caráter corretivo” e sinalizou que o saco de maldades ainda não está vazio. “Juntos, devemos fazer um governo, ao mesmo tempo, de continuidade e também de mudanças”, disse, em tom de recado, aos 39 ministros reunidos, ontem, na Granja do Torto.

Para a governante, os ajustes são necessários para “manter o rumo” e “ampliar as oportunidades”, “preservando as prioridades sociais e econômicas”. “As medidas que estamos tomando e tomaremos vão dar consequência e ampliar um projeto vitorioso nas urnas por quatro eleições seguidas”, ressaltou a petista. Segundo ela, o governo absorveu o quanto pôde os desgastes econômicos, mas chegou a hora de fazer ajustes.

Na percepção de Dilma, as ações adotadas até o momento, como as mudanças nas regras de acesso ao seguro-desemprego e nas pensões por morte, não diminuem os direitos trabalhistas e têm “caráter corretivo, ou seja, são medidas estruturais, que se mostram necessárias em quaisquer circunstâncias”. Ela informou também que, além das ações na área fiscal, são construídas “medidas para viabilizar o aumento do investimento e da competitividade da economia”. Como exemplo, citou um novo plano na área de infraestrutura.

No discurso, de aproximadamente 40 minutos, Dilma reforçou que as mudanças de que o país precisa para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia. Nesse sentido, ela fez questão de afirmar que a primeira ação do governo foi estabelecer a meta de superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Essa meta representa um esforço que a economia pode suportar sem comprometer a recuperação do crescimento e do emprego”, disse. Ela ainda frisou que o Banco Central tem adotado “as medidas necessárias para o controle da inflação”.

Corrupção

A presidente aproveitou o palanque com os ministros para comentar o escândalo de corrupção na Petrobras. Sem citar nomes, ela defendeu as empresas privadas citadas no processo. Dilma destacou que a estatal é “estratégica” para o Brasil, sendo a que mais contrata e investe no país. “Temos que saber apurar, temos que saber punir. Isso tudo sem enfraquecer a Petrobras nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro do país”, disse, afirmando que o governo continuará apostando no modelo de partilha nas concessões de petróleo, criticado pelos especialistas por ser oneroso para a Petrobras.

Dilma ainda conclamou seu ministério para se posicionar diante das críticas. “Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas”, ordenou. A petista orientou os ministros a contestarem quem disser que o governo promoverá alterações nas leis trabalhistas: “Não é verdade. Os direitos trabalhistas são intocáveis, e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los”.

Em um momento de irritação, Dilma não economizou broncas para o operador de teleprompter responsável por colocar o discurso em uma tela para que a presidente lesse. “Mais rápido”, cobrou. Logo em seguida, ela disse que preferia ler as declarações no papel. Após o discurso de Dilma, cada ministro pôde falar durante o encontro. O primeiro da lista foi Joaquim Levy, da Fazenda. Após pouco mais de quatro horas de reunião, Dilma e os convidados tiveram um jantar na Granja do Torto.

Fogo amigo no PT

A ex-ministra Marta Suplicy (PT-SP) subiu o tom das críticas ao governo federal. Segundo a senadora, “se tivesse havido transparência na condução da economia no governo Dilma, dificilmente a presidente teria aprofundado os erros que nos trouxeram a esta situação de descalabro”. Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, ela acrescenta: “Não estaríamos agora tendo de viver o aumento desmedido das tarifas, a volta do desemprego, a diminuição de direitos trabalhistas, a inflação, o aumento consecutivo dos juros, a falta de investimentos e o aumento de impostos, fazendo a vaca engasgar de tanto tossir”.


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