Oposição na Assembleia de Minas está à cata de deputados 'independentes'

Juliana Cipriani

A três dias do início da nova Legislatura, o vaivém entre os deputados de oposição e os “independentes” na Assembleia é intenso.

Após comunicar sua existência ao Executivo e uma série de reuniões depois, o grupo do meio – formado pelos que podem votar a favor ou contra o governador Fernando Pimentel (PT) – sofreu intensa pressão dos oposicionistas, que conseguiram retirar apoios e aumentar seu bloco, chegando até então a 25 parlamentares. O discurso de base e oposição é que até terça-feira, quando os deputados pedem oficialmente o registro dos blocos, tudo pode mudar.

Em encontro anteontem, os independentes diziam que eram 21, podendo chegar a 32. Ontem, porém, o assédio falou mais alto. Os oposicionistas conseguiram as adesões do PPS, PTB e PDT, que, juntos, têm 11 cadeiras. “O grupo que apoiou as candidaturas de Aécio (Neves), Pimenta (da Veiga), e (Antonio) Anastasia (a presidente, governador e senador) elegeu 50 deputados. Achamos perfeitamente factível permanecer com algo em torno de 30 no nosso bloco e vamos lutar para isso”, afirmou o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB), que liderou os apoiadores da gestão PSDB/PP no Palácio Tiradentes.


Apesar de o PTB ter conversado com os independentes, o deputado Dilzon Melo disse que eles nunca foram de lá. “Já assinamos, vamos ficar na oposição até por coerência, já que estivemos em um governo 12 anos e exercemos uma secretaria (a de Desenvolvimento Regional e Política Urbana)”, disse. Já o PPS, apesar de ter ensaiado uma adesão aos independentes, vai ficar na oposição. Segundo Lafayette Andrada, os parlamentares da nova bancada aderiram por fax. A presidente do partido, Luzia Ferreira, disse que a decisão ainda não tinha sido formalizada, mas a orientação era continuar com o grupo capitaneado pelos tucanos. “A leitura que estão fazendo do bloco independente é que ele vai ser mais base de governo”, justificou.

ELEIÇÃO DA MESA
Nas conversas, que levam em conta a eleição para a nova Mesa Diretora e a distribuição de comissões, os oposicionistas ainda tentam trazer o PSB e o PSD. Enquanto negocia seu passe, o primeiro partido lançou o deputado estadual Lerin candidato avulso à presidência da Casa, embolando o quadro até então definido para a eleição de Adalclever Lopes (PMDB). “Estamos tentando fechar um quadro em torno da Mesa e da formatação das comissões. Não entramos em nenhum dos dois blocos ainda por causa de um grupo que quer a minha candidatura.” Lerin, porém, deixou claro que a sua permanência na disputa vai depender das negociações. “Estou entusiasmado com o apoio verbal que recebi, mas temos que ver o que é concreto. O que não posso é brincar de ser candidato”, afirmou o socialista. Já o PSD, segundo os oposicionistas, estaria rachado ao meio, estando os deputados Duarte Bechir e Dr. Wilson do lado deles.

O líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT), ironizou a movimentação do bloco de oposição em torno dos independentes e contestou os números apresentados.
“Pelo que temos, os independentes são 23, nós do governo somos 32 e a oposição 22. A Assembleia tem 77 deputados mas pelos cálculos dos grupos já estamos passando de 90”, disse. No bloco aliado de Pimentel estão PT, PMDB, PCdoB, PRB, PROS, PR e PTdoB. O petista acredita que o desenho real da Assembleia só será conhecido na semana que vem, após a posse para a nova Legislatura, que ocorre domingo. Até o fechamento desta edição, o líder do bloco independente Agostinho Patrus Filho (PV) não havia retornado as ligações da reportagem. Os parlamentares, que já haviam feito reuniões durante todo o dia, continuariam os encontros à noite.

 

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