À Justiça, agente da PF diz que atuava como segurança de Youssef

A defesa do agente da Polícia Federal, Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como 'Careca' e apontado como responsável por transportar dinheiro a mando do doleiro Alberto Youssef, afirmou à Justiça Federal do Paraná que Careca atuava como "segurança pessoal" de Youssef e que pode ter "entregue algum envelope a determinados destinatários" a pedido do doleiro.

"Fato é que, na constância da atividade, pode ser que tenha entregue algum envelope a determinados destinatários, a pedido de Youssef, assim como fez com vinhos e documentos.
Porém o Denunciado nunca teve acesso ao conteúdo de tais envelopes, eis que sempre os recebeu lacrados", assinala a advogada Tatiana Maia, responsável pela defesa do agente. Segundo as investigações, o valor distribuído pelo agente entre 2011 e 2012 chegou a R$ 16,9 milhões.

Apesar de admitir que Careca fazia entregas a mando do doleiro, no documento de seis páginas, os defensores do policial afirmam que ele não tinha conhecimento dos crimes praticados por Youssef "na época empresário bem sucedido, assim como as pessoas com que se relacionava, que consistiam em empresários ou políticos importantes no cenário nacional. Como se levantar suspeita da ilicitude de sua atividade profissional?", conclui a advogada que pede que a denúncia contra Careca seja rejeitada e que ele seja absolvido.

Depoimento

A estratégia da defesa vai na contramão do que o próprio Careca afirmou em depoimentos à PF. O agente afirmou ter entregue R$ 1 milhão em Minas Gerais que teriam sido destinados para a campanha do senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG), em 2010 e que também entregou dinheiro em uma casa no Rio que teria sido destinado para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha. Careca ainda afirmou ter entregue dinheiro a mando do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, acusado de ser o operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, alvo da Operação Lava Jato.

Na ocasião, Careca revelou que entregou e retirou valores na sede de uma empresa que integra o rol de investigadas pela Lava Jato por pagarem propina a agentes públicos e políticos, em troca de contratos da estatal petrolífera.

"O Fernando Baiano me pediu para pegar um dinheiro na empresa Tomé Guindaste, que fica em São Bernardo do Campo, acho que fui umas duas vezes lá. Não me recordo se fui pegar dinheiro duas vezes ou se fui pegar dinheiro uma vez e levar em outra", afirmou Careca, em depoimento prestado no dia 18 de novembro à PF..