A conta, que considera os principais casos em tramitação nos tribunais superiores e no Supremo Tribunal Federal, faz parte de estudo feita pela Advocacia-Geral da União (AGU) a que o Estado teve acesso.
Apesar de alto, o número ainda é subestimado, de acordo com a Advocacia-Geral da União, porque contabiliza apenas casos em que é possível prever um impacto - como o julgamento da constitucionalidade dos planos econômicos, que provocaria um efeito de R$ 150 bilhões ao sistema financeiro.
Possibilidade de recálculo da aposentadoria - a chamada desaposentação -, ICMS na base de cálculo de contribuições como PIS e Cofins e índice de correção monetária do FGTS são questões que também entram nas contas dos advogados da União. "As ações têm forte capacidade de desequilíbrio na dinâmica fiscal do Estado", afirmou o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
O procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Ferreira, aponta que o impacto ao sistema financeiro do julgamento dos planos econômicos pode se dar em especial sobre os bancos públicos. "O que, além de não ser desprezível para a estabilidade sistêmica, tem repercussões de relevo para o ciclo de ajustes voltados para o reequilíbrio fiscal", afirma o procurador.
Desestabilização. A preocupação do governo não é apenas com questões mensuráveis em números, mas também com decisões capazes de desestabilizar o andamento da economia. É o caso, por exemplo da discussão sobre capitalização de juros, os conhecidos juros compostos adotados pelos bancos. O tema entrou na pauta da primeira sessão de julgamentos do Supremo Tribunal Federal em 2015 e é acompanhado de perto pelo Banco Central.
Lista. Estão ainda na lista das ações no radar do Banco Central no Supremo Tribunal Federal a briga com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pela competência para analisar casos de concentração financeira e o julgamento sobre a lei do sigilo bancário.
O prejuízo para o governo pode vir de decisões de áreas diversas como a trabalhista.
A escolha do novo ministro do Supremo, para a vaga aberta desde julho do ano passado com a aposentadoria de Joaquim Barbosa, pode fazer o julgamento dos chamados planos econômicos andar na Corte - ou continuar parado pelos próximos quatro anos.
O tema precisa de quórum de oito ministros para ser analisada, mas três magistrados dos dez atuais já se declararam impedidos: Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
A escolha de um nome também impedido - como o de Adams -, portanto, trancaria o julgamento dos planos econômicos durante todo o segundo mandato da petista Dilma Rousseff. Isto porque nem Fux, Barroso ou Cármen devem se aposentar nos próximos quatro anos. .