Brasília – Na véspera das eleições que definirão o novo presidente da Câmara dos Deputados, candidatos tiveram um dia cheio para angariar votos. A Esplanada foi tomada por cartazes com os nomes de postulantes e cada um teve agenda intensa para formar blocos de apoio. O líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ), tomou café com novos deputados, almoçou com aliados e participou de jantares, além de ter se reunido com parlamentares. Já o outro principal candidato, Arlindo Chinaglia (PT-SP), passou boa parte do dia em meio a reuniões pelo Salão Verde e participou de jantar com parlamentares. No fim da maratona, pelo menos na véspera, o placar foi de empate. O peemedebista levou o apoio do PP, enquanto o petista, o do PR.
Até o início da noite de ontem, a campanha de Eduardo Cunha computava o apoio do PTB, DEM, PSC, SD, PEN, PHS mais partidos nanicos. Na última hora, o PP anunciou votos para o peemedebista – 20 dos 38 deputados da bancada votaram nesse sentido. Segundo a campanha do PMDB, o parlamentar fluminense teria cerca de 300 votos, dos 257 necessários para a eleição – o bloco comandado pelos peemedebistas teria 222 nomes. “Seremos um bloco que não tem cara, nem de oposição, nem de submissão ao governo”, anunciou. Para garantir o cálculo, Cunha teve agenda extensa. Tomou três cafés da manhã, três almoços e dois jantares. No fim, declarou que tinha certeza da vitória em primeiro turno.
Na tentativa de reverter o favoritismo de Cunha, Chinaglia conseguiu o apoio declarado do PR. A campanha petista ainda conta com os votos de PCdoB, Pros, PSD e PDT. Juntas, as siglas somam 180 parlamentares. Além de um encontro com a bancada republicana, o deputado petista ainda passou pela reunião da bancada do partido e por um jantar multipartidário com parlamentares e parentes.
Encontro tenso Adversários ferrenhos, pelo menos em um momento, Chinaglia e Cunha estiveram lado a lado ontem. Eles dividiram a mesa durante um curso para novos deputados da Casa. Os dois refutaram a possibilidade de um acordo de última hora envolvendo o rodízio entre PT e PMDB no comando da Câmara – ambos não abrem mão da cadeira no primeiro biênio da Legislatura. “A mim, não chegou nenhuma proposta e não autorizei ninguém a fazer. Eu desconheço o assunto e acho que o jogo já está jogado. Vamos disputar o voto”, disse Chingalia.
Os outros candidatos Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSol-RJ) criticaram os gastos dos rivais com campanha.