Eleito com um discurso contra a "hegemonia" do PT, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou em seu primeiro pronunciamento como presidente da Câmara dos Deputados que houve tentativa de interferência do Executivo no processo sucessório da Casa, mas prometeu que não haverá "sequelas" ou "batalhas" e que o governo terá a sua governabilidade. "O Parlamento pela sua independência sabe reagir e reagiu no voto", disse. "A disputa se encerra na hora da apuração."
Cunha, um desafeto do Palácio do Planalto que derrotou o petista Arlindo Chinaglia (SP) já no primeiro turno, adotou um tom conciliador e de aproximação com o governo. "Nunca falamos que seríamos oposição. Também não falamos que seríamos submissos e não seremos submissos", afirmou. "O governo sempre terá, pela sua legitimidade, a governabilidade que a sua maioria poderá dar no momento em que ela for exercida e se for exercida", discursou o peemedebista, destacando que estava transmitindo palavras de "tranquilidade" e de "serenidade".
Ele também descartou que a Câmara será um "palco eleitoral ou de disputa".
Prioridades
Além de prometer, mais uma vez, votar o mais rápido possível o chamado Orçamento Impositivo, mecanismo pelo qual o Executivo é obrigado a pagar as emendas parlamentares individuais, Cunha citou outras duas prioridades: rever o pacto federativo, de modo a dar um respiro a Estados e municípios diante da concentração de recursos na União, e implantar a reforma política.