O texto foi lido ontem pelo primeiro-secretário do Congresso, deputado Beto Mansur (PRB-SP), ao plenário lotado de parlamentares. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, foram os representantes da presidente na solenidade de abertura dos trabalhos legislativos. Pelo Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, compôs a Mesa e entregou um balanço dos trabalhos da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aos parlamentares.
No texto, Dilma minimiza os problemas na economia do país. “A inflação, por exemplo, foi mantida em 2014, mais uma vez, dentro do intervalo admitido pelo regime das metas inflacionárias, assim como em todos os demais anos do meu mandato”, diz a presidente. Ela admite, no entanto, que o controle da inflação será a prioridade da “gestão macroeconômica”. Dilma atribuiu à seca a alta dos preços dos alimentos.
Dilma diz que o outro problema é a “redução expressiva nas taxas de crescimento” da economia mundial. Na lista de países afetados, ela citou a China. A presidente disse que as “medidas corretivas” do governo não afetarão “a redução das desigualdades, a eliminação da pobreza e a ampliação dos direitos sociais”. “Não promoveremos recessão e retrocessos”, afirmou.
Beto Mansur levou uma hora e 18 minutos para ler a mensagem de Dilma. Foi ignorado pela maioria do plenário. Dispersos, os parlamentares conversavam em tom alto, enquanto poucos prestavam atenção no texto lido pelo colega. Alguns chegaram a cobrar agilidade do orador. No meio da leitura, quando Mansur reproduzia trecho em que Dilma defende a construção Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, os deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Antônio Imbasahy (PSDB-BA) gritaram “Petrolão” e “mentirosa”. A obra foi citada por delatores da Operação Lava-Jato como uma das que foram alvo de superfaturamento.
Mais brevemente do que o texto enviado por Dilma, Cunha, Renan e Lewandowski também discursaram. Os comandantes da Câmara e do Senado garantiram que darão prioridade à reforma política e prometeram uma gestão independente e harmônica com os outros poderes.
‘Peça de ficção’
A oposição reagiu à mensagem enviada pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso. Escolhido para liderar o DEM no Senado durante 2015, Ronaldo Caiado (GO) afirmou que o texto “carece de credibilidade”. “O que ela apresentou aqui não tem nenhuma compatibilidade com o que está ocorrendo no país”, disse. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), reforçou a visão de Caiado.