Brasília – O executivo da empreiteira Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça, que firmou acordo de delação premiada, entregou à Justiça Federal, em novembro do ano passado, 10 cópias de contratos fictícios usados para mascarar o pagamento de propina aos ex-diretores da Petrobras Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento). Somados, os valores ultrapassam R$ 23 milhões. Os documentos foram entregues como material probatório daquilo que foi dito pelo empresário nos depoimentos prestados até o momento. À Justiça, ele e Julio Camargo, também da Toyo Setal, já informaram ter pago subornos de R$ 60 milhões a Duque e ao PT. Ontem, o juiz federal Sérgio Moro determinou que os documentos fossem juntados aos autos para viabilizar o acesso da defesa dos acusados já denunciados.
A construtora Galvão Engenharia S/A, uma das investigadas pela Operação Lava-Jato por integrar o esquema bilionário de corrupção entranhado na Petrobras, já havia apresentado à Justiça Federal comprovantes do pagamento de suposta propina no valor de R$ 8,86 milhões. A defesa de Erton Medeiros Fonseca, diretor da empreiteira, alegou que o suborno, pago em 20 parcelas, foi direcionado a Shinko Nakandakari, “pessoa que se apresentou como emissário da Diretoria de Serviços da Petrobras na presença de Pedro Barusco”. Até 2012, a diretoria em questão era comandada por Renato Duque, indicado pelo ex-ministro José Dirceu. Barusco ocupava a gerência de Engenharia na estatal. Na época, a Galvão Engenharia alegou que teve de fazer o pagamento para não ter problemas nos contratos firmados com a petrolífera. Foram entregues 12 comprovantes à Justiça.
PRISÃO Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer defendendo que Renato Duque volte para cadeia. Conforme Janot, as medidas de substituição à prisão, como apreensão de passaporte e proibição de viajar para fora do país, não são suficientes para evitar uma fuga. O ex-diretor foi preso em novembro do ano passado, após o início da delação premiada de Augusto Mendonça e Julio Camargo. Acabou sendo liberado no início de dezembro por decisão do ministro do STF Teori Zavascki.
Ontem, os dois empresários e um delegado da Polícia Federal que participou da operação Lava-Jato, prestaram depoimento à Justiça. Eles foram arrolados como testemunhas de acusação no processo que envolve executivos das empreiteiras Camargo Corrêa e UTC, envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.
INQUÉRITOS Na sessão solene que abriu o ano do Judiciário, o combate à corrupção foi um dos temas da fala do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, e do procurador-geral, Rodrigo Janot. A Corte espera a chegada dos inquéritos contra parlamentares investigados na Operação Lava-Jato, que devem ser encaminhados Janot, ainda neste mês. “Todos nós estamos curiosos”, disse o ministro Marco Aurélio, ao deixar o plenário.