O delator Augusto Ribeiro, do grupo Setal Construções e PEM Engenharia, afirmou que a cobrança de "comissões" era prática institucionalizadas dentro da Petrobras e que o ex-diretor de Serviços Renato Duque tratou diretamente com ele para que fosse pago 2% em "vantagens" em contratos mantidos na estatal.
Ribeiro, executivo da Setal e da PEM Engenharia, afirma que pagou propina a Duque, ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e que foi pressionado pessoalmente pelo ex-líder do PP José Janene - morto em 2010. "A pressão era muito grande".
Ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, Ribeiro afirmou que em reunião pessoal Janene "foi muito claro. Que estávamos assinado um contrato com a Petrobras e que deveriam fazer uma contribuição a ele pela diretoria do Paulo Roberto, que era um indicado dele e que se não fizéssemos teríamos sérios problemas na execução dos contratos".
Segundo Ribeiro, Janene se reunia pessoalmente com os executivos para cobrar as comissões. "Houveram situações em que a gente percebia que a pressão dele era muito grande, em reuniões no escritório dele em São Paulo."
O delator explicou que os diretores da Petrobras têm "peso muito importante na operação da companhia. "De modo que a posição de um diretor ela é absolutamente crucial para o andamento de uma companhia nas obras" da estatal. "Eles utilizavam esse tipo de argumentação para discutir comissões como também o pagamento."
Segundo Ribeiro, na Diretoria de Serviços, ocupado por Duque - indicado pelo ex-ministro José Dirceu - os contratos em que ele teve que pagar propina são do ano de 2007. "Fui procurado e discuti essas questões com o próprio Duque e Pedro Barusco, gerente de Engenharia da Petrobras, na época."
O delator confirmou que as propinas na Diretoria de Abastecimento eram de 1% e na de Serviços 2%, como já haviam afirmado em outubro de 2014 os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
"Eles me pediram no caso do Paulo Roberto, 1%, e no caso do Renato Duque, 2%." Ele afirmou que outras empresas do suposto cartel também pagavam as propinas