Brasília – A oposição no Congresso afirmou ontem que a demora da presidente Dilma Rousseff em promover mudanças no comando da Petrobras provoca um processo de “fritura” da presidente da estatal, Maria das Graças Foster. Ontem, Dilma e ela se reuniram duas vezes no Palácio do Planalto mas, oficialmente, a demissão de Foster não foi anunciada.
Aécio lembrou que a crise na Petrobras antecede a atual gestão. “A responsabilidade pelos desmandos e pela corrupção na Petrobras começa muito antes da presidente Graça Foster. E, obviamente, ela, ao aceitar a missão (de assumir a diretoria), tenta limpar a cena do crime. Essa expressão não é minha, obviamente, passa a ser parte do mais triste momento da maior empresa brasileira”, completou ele.
Para o senador mineiro, a Petrobras vive, acima de tudo, um problema de governança. “Assistimos isso com os prejuízos sucessivos agravados, agora, por esses referentes às refinarias iniciadas no Nordeste e que já contabilizam, no prejuízo da Petrobras, alguma coisa em torno de mais de R$ 2 bilhões. E quem responde por isso? Ninguém?”, questionou ele
Recém-empossado senador por São Paulo, José Serra (PSDB) afirmou que a presidente da Petrobras deveria ter se afastado no momento em que as primeiras denúncias de corrupção na empresa foram reveladas, como desdobramento das investigações da Operação Lava-Jato. Para ele, deixar a substituição para este momento agrava o problema e torna necessária a substituição de toda a diretoria. “Não digo que ela é culpada, não sei o seu grau de responsabilidade. Mas o ideal é trocar toda a diretoria e colocar gente profissional”, afirmou Serra.
Ele se disse favorável a uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras por acreditar ser função do parlamento investigar uma empresa pública suspeita de denúncias de corrupção. A oposição já iniciou a coleta de assinaturas para a criação da Comissão. Opinião corroborada por Aécio. “É por isso que já estamos iniciando a coleta de assinaturas para que a nova CPMI seja instalada. Queremos saber quem foram os responsáveis diretos ou indiretos por todas essas irresponsabilidades, além das falcatruas que ocorreram na Petrobras.”
No fim do ano passado, o Estado de Minas publicou que a bancada de senadores e deputados do PT levou ao chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante, e ao então ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ricardo Berzoini, a cobrança para que Foster fosse substituída. A pressão aconteceu após as denúncias feitas pela ex-gerente Venina Velosa da Fonseca de que avisara a presidente da Petrobras sobre as irregularidades cometidas na estatal e nada foi feito.
O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO) ressaltou que a demissão de Graça não retira a funcionária de carreira da estatal do olho do furacão da Operação Lava-Jato. “O anúncio de demissão de Graça Foster veio corroborar o que todo mundo já sabia. Ela estava lá para fazer um balanço que não foi auditado por nenhuma empresa séria pois não incluía os gastos com corrupção. Infelizmente, para ela, a renúncia não é o suficiente neste momento. Só a delação premiada pode salvar a Graça Foster”, afirmou Caiado.