Brasília – Sob pressão do campo majoritário do PT e ciente de que o quadro de isolamento de seus aliados no Legislativo era crítico, a presidente Dilma Rousseff substituiu o deputado Henrique Fontana (PT-RS) na liderança do governo na Câmara pelo também petista José Guimarães (CE). A avaliação no Planalto é de que Fontana não tinha como permanecer no cargo, uma vez que ele fora barrado pelo próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Durante a campanha, o peemedebista chamou o petista de “fraco” e “desagregador” e anunciou que nem ele nem o PMDB o reconheciam mais como interlocutor do governo.
Mais pragmático e do campo majoritário do PT, o mesmo do ex-presidente Lula, Guimarães foi escalado para tentar uma reaproximação com Cunha, considerado um desafeto de Dilma. Na manhã de ontem, ele procurou o novo presidente em seu gabinete e, logo após ser confirmado na liderança, teve uma nova reunião com ele. Reconhecendo que o PT foi derrotado na eleição, Guimarães disse que vai trabalhar para “recompor as pontes” e a base. “Para mim a eleição da Câmara é uma página virada”, disse. Também negou que Cunha esteja sinalizando com uma pauta de “oposição”.
Como seu primeiro ato no comando da Câmara, no entanto, o novo presidente decidiu acelerar a tramitação de uma proposta de reforma política que é rejeitada pelo PT. E editou um ato que tira a admissibilidade do projeto da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e transfere essa etapa do processo legislativo para o plenário. Os termos da reforma política que estava “engavetada” há mais de um ano na CCJ (nas mãos de um petista, mas que será presidida pelo PP nesta legislatura) são rechaçados pelo PT, entre eles a unificação das eleições a cada quatro anos, o fim da reeleição para cargos do Executivo e a instituição do voto facultativo no país.