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Estado de Minas

Especulação sobre cotados para assumir presidência da Petrobras "assusta" Bolsa

Confirmação da saída de Graça Foster do comando da estatal impulsiona papéis da empresa, mas movimento foi interrompido pelo boato da escolha do ex-governador petista para substituí-la


postado em 05/02/2015 06:00 / atualizado em 05/02/2015 07:58

Brasília – Os papéis da Petrobras provocaram nessa quarta-feira (5) forte oscilação nos negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), abrindo em alta após a confirmação da renúncia da presidente Graça Foster e atingindo até 7% de valorização. Ao longo do dia, contudo, um boato sobre a chance da escolha do ex-governador gaúcho Olívio Dutra (PT) para assumir a presidência da estatal provocou uma queda de 11,3% no valor da petroleira. Como a informação não se confirmou, as ações preferenciais (PN) fecharam estáveis, com alta de 0,2%, cotadas a R$ 10,02. As ordinárias (ON) se valorizaram 1,12%, a R$ 9,90. Esse movimento levou o Ibovespa, principal indicador da bolsa, a encerrar em alta de 0,69%, aos 49.301 pontos.

“O maior efeito Graça Foster nos papéis da companhia ocorreu ontem (terça-feira). Hoje (quarta-feira), foi só consequência e especulação em torno dos nomes dos prováveis indicados para a nova diretoria da companhia”, avaliou o economista-chefe da Órama, Álvaro Bandeira. Na véspera, a especulação da renúncia de Graça Foster provocou uma forte valorização dos ativos da Petrobras, que ganhou, em apenas um dia, mais de R$ 16 bilhões em valor de mercado, com alta de 15,47% nas preferenciais e 14,23% nas ordinárias.

Na avaliação do economista da DMBL Investimentos Demetrius Borel Lucindo, a volatidade dos papéis da estatal vai continuar enquanto a nova composição da diretoria for apenas especulação. “Veja o poder que a falta de informação tem: quando surgiu o boato de que Olívio Dutra poderia ser o novo presidente, os papéis recuaram para R$ 9,56 depois de chegarem a R$ 10,78”, destacou o analista.

Futuro

A crise de confiança dos investidores na Petrobras, provocada pela revelação de casos de corrupção envolvendo a estatal, deverá continuar abalando suas finanças e suas perspectivas operacionais nos próximos anos. Para especialistas, só com o fim das incertezas sobre o comando da maior empresa brasileira, a apresentação das
demonstrações financeiras de 2014 e definição sobre outros, como custo dos serviços da pesada dívida, ações judiciais e retaliações de reguladores do mercado, será possível redefinir o plano de negócios nesta década. Isso sem falar do câmbio e da cotação do petróleo.

Os reajustes nas tabelas das refinarias e o avanço na exploração do pré-sal, conquistas da gestão Graça Foster, iniciada em fevereiro de 2012, não conseguirão amenizar desafios deixados ao sucessor. Mas há quem veja sucesso certo no futuro, a partir das vantagens inerentes. “Recuperada a confiança do comando, a Petrobras reúne condições para retomar o papel de vetor do desenvolvimento”, defendeu Adilson de Oliveira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas ele admite que a vertiginosa queda do preço do petróleo “não facilitará essa tarefa”.

A produção de petróleo da empresa já voltou a crescer, após quase dois anos estagnada, alcançando uma média diária de 2,6 mil barris, 3% acima da registrada em 2013. Essas boas notícias continuam sendo dadas, bem como na área de refino, sem, contudo, animar os analistas. O fato é que a empresa continua sendo importadora de gasolina e diesel, situação que perdura desde 2011. Graça esperava a volta do equilíbrio este ano, mas os investimentos em refinarias foi suspenso em razão da crise atual.

Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia de Energia da UFRJ, teme que a divulgação de R$ 88,6 bilhões em ativos sobreavaliados da petroleira alimente embates políticos. Por isso, entregar um balanço anual avalizado por auditorias independentes deverá ser a maior prioridade dos novos Conselho de Administração e diretoria executiva da estatal.

O cenário de incerteza em relação às consequências da Operação Lava-Jato praticamente desmontou estratégias da empresa e a tendência ainda é de deterioração financeira. Almeida lembrou que, mesmo nos tempos em que o barril do petróleo estava valorizado e o dólar mais amigável, o endividamento subiu de R$ 103 bilhões em fevereiro de 2012 para R$ 261 bilhões em setembro último. E vai crescer mais. “Apesar disso, a empresa é verticalizada, monopolista em um mercado consumidor em expansão e tem vastas reservas com custo técnico de produção bem abaixo do atual patamar de preço do petróleo”, ressalta Oliveira.


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