Brasília – Ao renunciar ao cargo de presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, de 61 anos, desgarrou-se de sua prioridade. A primeira mulher no mundo a comandar uma petroleira dizia ser capaz de morrer pela empresa, tamanha a paixão pelo trabalho, nunca escondida de ninguém. Graça, como gosta de ser chamada, passou mais tempo na estatal do que fora dela. Nessa quarta-feira (4), melancolicamente, encerrou uma trajetória de quase quatro décadas, entre idas e vindas.
O fim da era Graça Foster, em meio ao pior momento da história da Petrobras, destoa do caminho profissional trilhado por ela. Em 1978, mãe de uma menina de 2 anos à época, a mulher que se tornaria uma das mais poderosas executivas do planeta pisou pela primeira vez na sede da estatal, no Rio de Janeiro. Havia sido aceita como estagiária na reta final do curso de engenharia química, concluído pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Graça nasceu em 26 de agosto de 1953, em Caratinga, no Leste de Minas Gerais. Dois anos mais tarde, mudou-se com os pais e a irmã mais velha para o Morro do Adeus, favela que hoje integra o Complexo do Alemão, na capital fluminense. Quando criança, catou papel, garrafas e latas de alumínio para ajudar em casa. Aos 12 anos, o endereço da família passou a ser a Ilha do Governador, onde tomou gosto de vez pelo carnaval e adquiriu o hábito de desfilar pela Escola de Samba União da Ilha.
O primeiro emprego com carteira assinada foi na Nuclebrás, estatal já extinta. Em 1981, Graça passou no concurso da Petrobras. De temperamento firme e bastante determinada, queria alcançar o topo da empresa. Para isso, teceu um currículo poderoso. Fez mestrado em engenharia de fluidos, pós-graduação em engenharia nuclear e cursou MBA em economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em 1999, conheceu Dilma Rousseff, e os horizontes começaram a se ampliar. Graça era uma das gerentes da Petrobras responsáveis pela implantação do gasoduto entre Bolívia e Brasil. Dilma estava à frente da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. As duas – duronas, ríspidas e fissuradas em metas – se deram bem e acabaram criando uma relação de cumplicidade. Em 2003, a ministra Dilma nomeou a amiga como secretária de Petróleo e Gás da pasta de Minas e Energia. Em 2007, após presidir a Petroquisa – braço da estatal para a área de petroquímica – e a BR Distribuidora, tornou-se a primeira mulher a assumir uma diretoria da empresa, a de Gás e Energia. Três anos mais tarde, foi eleita a executiva mais poderosa da América Latina.
Filiada ao PT – as três estrelas tatuadas no antebraço esquerdo ilustram o amor pelo partido –, a diretora engajou-se com fervor na primeira campanha de Dilma, que, em fevereiro de 2012, a alçou ao cargo máximo da Petrobras, no lugar de Sérgio Gabrielli, ligado ao ex-presidente Lula . A nomeação foi histórica. Graça se transformava em uma “ministra do petróleo”.
Dilma a chamava de “Graciosa”. Mas, nos corredores, era conhecida como “Maria Caveirão”. Com mão de ferro, tornou-se a mais respeitada gestora do governo, embora colecionasse inimizades por conta da carência de atributos políticos. A revista Fortune a elencou como a executiva mais poderosa fora dos Estados Unidos, e a quarta do mundo. A Forbes a elegeu a 18º mulher mais influente do planeta.
Desde o estouro da Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014, Graça nega qualquer tipo de relação com o bilionário esquema de corrupção. Sempre que teve oportunidade, Dilma saiu em defesa dela diante das acusações de que a executiva teria transferido bens ao casal de filhos – uma médica e um jornalista.
Graça é casada há quase 30 anos com o engenheiro e empresário inglês Colin Vaughan Foster, com quem teve o segundo filho. Nos últimos anos, tentava manter em dia a caminhada pela orla de Copacabana, onde mora. Agora, mesmo obcecada por trabalho, terá mais tempo livre para torcer pelo Botafogo, ouvir Beatles e Janis Joplin, ir à missa de domingo e tomar vinho antes de dormir, hábitos prejudicados enquanto esteve à frente da maior empresa brasileira. A aposentadoria está garantida: R$ 19 mil.
O fim da era Graça Foster, em meio ao pior momento da história da Petrobras, destoa do caminho profissional trilhado por ela. Em 1978, mãe de uma menina de 2 anos à época, a mulher que se tornaria uma das mais poderosas executivas do planeta pisou pela primeira vez na sede da estatal, no Rio de Janeiro. Havia sido aceita como estagiária na reta final do curso de engenharia química, concluído pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Graça nasceu em 26 de agosto de 1953, em Caratinga, no Leste de Minas Gerais. Dois anos mais tarde, mudou-se com os pais e a irmã mais velha para o Morro do Adeus, favela que hoje integra o Complexo do Alemão, na capital fluminense. Quando criança, catou papel, garrafas e latas de alumínio para ajudar em casa. Aos 12 anos, o endereço da família passou a ser a Ilha do Governador, onde tomou gosto de vez pelo carnaval e adquiriu o hábito de desfilar pela Escola de Samba União da Ilha.
O primeiro emprego com carteira assinada foi na Nuclebrás, estatal já extinta. Em 1981, Graça passou no concurso da Petrobras. De temperamento firme e bastante determinada, queria alcançar o topo da empresa. Para isso, teceu um currículo poderoso. Fez mestrado em engenharia de fluidos, pós-graduação em engenharia nuclear e cursou MBA em economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em 1999, conheceu Dilma Rousseff, e os horizontes começaram a se ampliar. Graça era uma das gerentes da Petrobras responsáveis pela implantação do gasoduto entre Bolívia e Brasil. Dilma estava à frente da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. As duas – duronas, ríspidas e fissuradas em metas – se deram bem e acabaram criando uma relação de cumplicidade. Em 2003, a ministra Dilma nomeou a amiga como secretária de Petróleo e Gás da pasta de Minas e Energia. Em 2007, após presidir a Petroquisa – braço da estatal para a área de petroquímica – e a BR Distribuidora, tornou-se a primeira mulher a assumir uma diretoria da empresa, a de Gás e Energia. Três anos mais tarde, foi eleita a executiva mais poderosa da América Latina.
Filiada ao PT – as três estrelas tatuadas no antebraço esquerdo ilustram o amor pelo partido –, a diretora engajou-se com fervor na primeira campanha de Dilma, que, em fevereiro de 2012, a alçou ao cargo máximo da Petrobras, no lugar de Sérgio Gabrielli, ligado ao ex-presidente Lula . A nomeação foi histórica. Graça se transformava em uma “ministra do petróleo”.
Dilma a chamava de “Graciosa”. Mas, nos corredores, era conhecida como “Maria Caveirão”. Com mão de ferro, tornou-se a mais respeitada gestora do governo, embora colecionasse inimizades por conta da carência de atributos políticos. A revista Fortune a elencou como a executiva mais poderosa fora dos Estados Unidos, e a quarta do mundo. A Forbes a elegeu a 18º mulher mais influente do planeta.
Desde o estouro da Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014, Graça nega qualquer tipo de relação com o bilionário esquema de corrupção. Sempre que teve oportunidade, Dilma saiu em defesa dela diante das acusações de que a executiva teria transferido bens ao casal de filhos – uma médica e um jornalista.
Graça é casada há quase 30 anos com o engenheiro e empresário inglês Colin Vaughan Foster, com quem teve o segundo filho. Nos últimos anos, tentava manter em dia a caminhada pela orla de Copacabana, onde mora. Agora, mesmo obcecada por trabalho, terá mais tempo livre para torcer pelo Botafogo, ouvir Beatles e Janis Joplin, ir à missa de domingo e tomar vinho antes de dormir, hábitos prejudicados enquanto esteve à frente da maior empresa brasileira. A aposentadoria está garantida: R$ 19 mil.