O movimento da cúpula da estatal armou uma bomba-relógio para o Palácio do Planalto. Na lista dos mais cotados para o posto despontam o presidente da Vale, Murilo Ferreira, e o ex-presidente da BR Distribuidora Rodolfo Landim. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta emplacar o amigo Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central em seu governo.
Dilma ficou contrariada com o desfecho da negociação para a mudança de comando na Petrobras porque tinha acertado com Graça anteontem, em reunião no Planalto, que toda a diretoria da empresa seria substituída assim que fosse resolvido o impasse contábil. O problema ocorre porque a auditoria PriceWaterhouseCoopers se recusa a assinar o balanço relativo ao terceiro trimestre de 2014 enquanto a estatal não encontrar uma solução para contabilizar as perdas provocadas pela corrupção descoberta na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Dificuldade
Na reunião, Dilma havia dito a Graça que precisava de mais tempo para mudar a diretoria, pois não estava fácil encontrar nomes do mercado dispostos a assumir a missão. À noite, quando Graça já estava no Rio, avisou à presidente que cinco diretores da empresa não aceitavam mais arcar com o desgaste da crise. Eles estavam preocupados com o pedido de explicações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a saída da presidente da estatal, que provocou a maior alta das ações da Petrobrás em 16 anos.
Sem novo acordo com o governo, Graça e os diretores da estatal divulgaram ontem nota oficializando a renúncia. Eles permanecerão nos cargos até amanhã, quando ocorrerá a reunião do Conselho de Administração da Petrobras que chancelará a nova diretoria.
Entre os cotados para o lugar de Graça, Murilo Ferreira desponta por atributos como o excelente relacionamento com o mercado financeiro e o desempenho à frente da Vale, além da simpatia da própria presidente Dilma Rousseff.
Outro cotado, Rodolfo Landim, tem como desvantagem o fato de ter trabalhado com Eike Batista na OGX, ainda que tenha deixado o Grupo EBX antes de sua derrocada. Contra Meirelles pesa a opinião pessoal de Dilma. Quando ministra da Casa Civil, a presidente teve uma série de divergências com o número 1 do Banco Central do governo Lula. A presidente também não vê com bons olhos o ex-presidente da Vale Roger Agnelli.
O governo abriu duas frentes na busca de uma solução para o comando da estatal. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, coordena a busca de nomes para a presidência da empresa e Joaquim Levy, da Fazenda, tenta arregimentar diretores para o Conselho de Administração. Levy também está empenhado em encontrar uma metodologia capaz de desatar o nó contábil sobre as perdas com a corrupção. .