Surpreendida pelo depoimento bombástico do ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco, que, em delação premiada, acusou o PT de receber R$ 200 milhões em propinas de contratos com a Petrobras, a cúpula do PT reunida ontem, em Belo Horizonte, partiu para a ofensiva e mostrou um discurso orquestrado em defesa do partido e do seu tesoureiro João Vaccari Neto, levado coercitivamente para prestar depoimento em mais uma etapa da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. É assim, no ataque, que o partido pretende receber hoje, na capital mineira, seus principais caciques, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, para a festa em comemoração aos 35 anos de fundação da legenda. Em BH, desde ontem para o evento, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, fez uma defesa ferrenha de Vacari e disse que o episódio não vai atrapalhar a festa do partido. Para ele, trata-se de uma tentativa de criminalizar o partido e seus dirigentes. Falcão também levantou suspeitas sobre a detenção do tesoureiro às vésperas do aniversário do partido. “Não vamos deixar o estigma da corrupção pegar no PT.” Segundo ele, as acusações feitas por Barusco são falsas e serão desmentidas pelos fatos. “Todas as doações são legais e declaradas na Justiça.”
Um exemplo de que o PT pretende dar publicamente seu voto de confiança ao tesoureiro, Vaccari, que chegou ontem à noite à capital mineira, deve discursar na comemoração do aniversário do PT. O evento deve ser marcado pela defesa do partido, de seus integrantes e do “modo petista de governar”.
Reginaldo disse que o PT não vai se intimidar e que o encontro de hoje será usado para conclamar a militância a defender o governo que “mais combateu a corrupção”. Odair afirmou “tudo isso” que Barusco afirmou em delação premiada terá que ser provado na Justiça. “Nossa clareza e nosso método de trabalho é de doações formais. Não vamos responder por atos ilícitos de ninguém”, ressaltou. No encontro a portas fechadas – cujo objetivo oficial era eleger a nova presidente da legenda em Minas, Maria Aparecida de Jesus – , Falcão conclamou os militantes a defender a legenda e disse que há um complô para tentar desestabilizar o governo Dilma e enfraquecer o partido.
Além de Lula e Dilma, a presença do presidente do Uruguai, Pepe Mujica, é uma das aguardadas para as comemorações dos 35 anos do PT, hoje à noite, no Minascentro, na Região Centro-Sul da capital. Estarão presentes também todos os governadores eleitos pela legenda, incluindo o anfitrião Fernando Pimentel, além das principais lideranças da sigla na Câmara e no Senado, prefeitos, ministros e personalidades que ajudaram na construção do partido. Os preparativos para o encontro tiveram início na noite de ontem com uma reunião fechada, no Hotel Ouro Minas, na Região Nordeste, para debater estratégias de divulgação para este ano..