Petistas se reúnem em BH com discurso afinado para comemorar 35 anos do partido

Dirigentes do PT, que comemora nesta sexta-feira, em BH, seus 35 anos, saem em defesa de Vaccari e prometem partir para o ataque

Alessandra Mello
Rui Falcão e Reginaldo Lopes: falas orquestradas e militância convocada - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press

Surpreendida pelo depoimento bombástico do ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco, que, em delação premiada, acusou o PT de receber R$ 200 milhões em propinas de contratos com a Petrobras, a cúpula do PT reunida ontem, em Belo Horizonte, partiu para a ofensiva e mostrou um discurso orquestrado em defesa do partido e do seu tesoureiro João Vaccari Neto, levado coercitivamente para prestar depoimento em mais uma etapa da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. É assim, no ataque, que o partido pretende receber hoje, na capital mineira, seus principais caciques, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, para a festa em comemoração aos 35 anos de fundação da legenda. Em BH, desde ontem para o evento, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, fez uma defesa ferrenha de Vacari e disse que o episódio não vai atrapalhar a festa do partido. Para ele, trata-se de uma tentativa de criminalizar o partido e seus dirigentes. Falcão também levantou suspeitas sobre a detenção do tesoureiro às vésperas do aniversário do partido. “Não vamos deixar o estigma da corrupção pegar no PT.” Segundo ele, as acusações feitas por Barusco são falsas e serão desmentidas pelos fatos. “Todas as doações são legais e declaradas na Justiça.”

Um exemplo de que o PT pretende dar publicamente seu voto de confiança ao tesoureiro, Vaccari, que chegou ontem à noite à capital mineira, deve discursar na comemoração do aniversário do PT. O evento deve ser marcado pela defesa do partido, de seus integrantes e do “modo petista de governar”.

O discurso afinado foi respaldado por outros dirigentes da legenda, durante encontro do diretório do PT mineiro, ontem, em um hotel da Região Central de BH. Odair Cunha, secretário de Governo de Minas Gerais e presidente licenciado do partido no estado, e Reginaldo Lopes, deputado federal do partido, adotaram o mesmo tom da fala de Falcão e também questionaram o fato de a prisão de Vaccari ter sido feita um dia antes da festa da legenda.

Reginaldo disse que o PT não vai se intimidar e que o encontro de hoje será usado para conclamar a militância a defender o governo que “mais combateu a corrupção”. Odair afirmou “tudo isso” que Barusco afirmou em delação premiada terá que ser provado na Justiça. “Nossa clareza e nosso método de trabalho é de doações formais. Não vamos responder por atos ilícitos de ninguém”, ressaltou. No encontro a portas fechadas – cujo objetivo oficial era eleger a nova presidente da legenda em Minas, Maria Aparecida de Jesus – , Falcão conclamou os militantes a defender a legenda e disse que há um complô para tentar desestabilizar o governo Dilma e enfraquecer o partido.

Além de Lula e Dilma, a presença do presidente do Uruguai, Pepe Mujica, é uma das aguardadas para as comemorações dos 35 anos do PT, hoje à noite, no Minascentro, na Região Centro-Sul da capital. Estarão presentes também todos os governadores eleitos pela legenda, incluindo o anfitrião Fernando Pimentel, além das principais lideranças da sigla na Câmara e no Senado, prefeitos, ministros e personalidades que ajudaram na construção do partido. Os preparativos para o encontro tiveram início na noite de ontem com uma reunião fechada, no Hotel Ouro Minas, na Região Nordeste, para debater estratégias de divulgação para este ano.

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