João Bosco Lacerda
Brasília – Em depoimento de delação premiada, revelado na nova fase da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco revelou que, durante uma movimentação de cerca de US$ 6 milhões oriundos de propinas para contas no banco suíço Lombard Odier, o ex-diretor de serviços da estatal Renato Duque perdeu o recurso enquanto lidava com um agente brasileiro do banco, citado apenas como “Roberto”. Ele teria encontrado o intermediário durante uma viagem a Paris, onde a instituição financeira tem escritório.
Barusco, no entanto, afirma ter se incomodado com a falta de informações que Roberto passava sobre as contas. Como, de acordo com o delator, Duque sugeriu que fossem efetivamente depositados os US$ 6 milhões nas contas indicadas pelo agente bancário, Barusco negociou para que o ex-diretor de serviços se apropriasse de todo valor das contas como parte da “cota” das propinas dele. De acordo com o delator, Duque o procurou posteriormente para contar que “Roberto havia sumido e os valores depositados nas duas contas haviam sido perdidos”. Barusco conta que o prejuízo acabou sendo dividido entre os dois a pedido do ex-diretor.
O ex-gerente detalha também na delação como era a divisão de propinas entre ele e Duque. Em contratos em que apenas os dois eram pagos, 60% da propina ficavam com Duque e os 40% restantes, com ele. Já em contratos que contavam com outro operador, 40% eram repassados para Duque e os 60% restantes eram divididos entre Barusco e o terceiro envolvido. O delator afirmou não saber precisamente o valor recebido por Duque enquanto era diretor de serviços da petrolífera, mas destacou que ele recebeu cerca de US$ 97 milhões em subornos relativos a mais de 60 contratos assinados entre diversas empresas e a Petrobras, entre 2005 e 2010.
O advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes, negou as declarações de Barusco. De acordo com Lopes, “Pedro Barusco trouxe Renato Duque para o processo, realizando delação falaciosa”.