Brasília – Quase um ano após o início da Operação Lava-Jato, o posto de gasolina no qual a ação da Polícia Federal foi deflagrada continua a funcionar normalmente no Setor Hoteleiro Sul, em Brasília. No local, a cerca de 3 quilômetros do Congresso Nacional e que atende diariamente entre 3 mil e 3,5 mil veículos, o assunto é evitado. De acordo com cinco funcionários que não quiseram se identificar, o movimento permanece o mesmo desde a prisão do proprietário, Carlos Habib Chater, em 17 de março de 2014, quando a PF cumpriu também mandados judiciais em outras seis unidades da Federação.
Além das 16 bombas de combustível, o posto, que funciona há mais de 40 anos, conta com uma loja de conveniência, uma lavanderia, uma pastelaria e uma lanchonete de comida árabe, mas não oferece serviço de lavagem de carros. O local motivou o nome da operação da Polícia Federal porque lá funcionava uma casa de câmbio que repassava pagamentos ilegais de empreiteiras a políticos, segundo depoimentos do doleiro Alberto Youssef.
De acordo com o gerente operacional Rogério Frony, a família Chater assumiu o comando do empreendimento após a prisão do empresário. Frony afirmou que foi mantido o número de 85 funcionários e que o movimento permanece alto, especialmente devido a promoções. O gerente disse que os advogados da família pediram que não comentasse o envolvimento na Lava-Jato. “Esse assunto é muito delicado”, declarou.
Chater é réu em duas ações penais da Lava-Jato, além de ser citado em uma terceira. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por “efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do país” e por lavagem de dinheiro.
Posto de gasolina onde Operação Lava-Jato foi deflagrada continua funcionando
Marcella Fernandes
Posto onde a Lava-Jato foi deflagrada: no local funcionava uma casa de câmbio utilizada pela quadrilha
- Foto: Ana Raysa/Esp.CB/D.A Press
O doleiro permanece preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, no Paraná. Os funcionários do posto André Luís de Paula dos Santos, André Catão de Miranda e Ediel Viana da Silva também são citados nas investigações..