Em depoimento, Barusco confirmou que o esquema de propinas da estatal começou em 1997. O teor do depoimento do ex-gerente serviu de base para a nona fase da operação da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira,5, e apelidada de My Way, em referência a como Barusco chamava o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, também investigado.
O que chama a atenção dos investigadores no Brasil e na Suíça não são apenas os montantes depositados, mas também a quantidade de contas abertas em quase 20 anos. A primeira delas foi no Banco Republic, em 1997. Os valores seriam transferidos para o BBA Creditan, que "até março de 2003 já tinha US$ 1,4 milhão". Naquele mesmo ano, ele abriu uma conta no Banco Safra, que fecharia em 2004 com US$ 1,8 milhão.
Ainda em 2004, Barusco afirma ter criado uma offshore, a Tropez Real State, e uma conta em seu nome.
O ex-diretor da Petrobras abriu mais uma conta no Banco Safra em 2006, em nome da Marl Trader Services, empresa criada por ele e com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Em março de 2014, essa conta acumulava US$ 15,4 milhões, dos quais US$ 12,7 milhões eram de propinas. Ele fecharia essa conta em março para transferir o dinheiro para o Banco Cramer, em nome da empresa Ravenscroft Properties.
Outras contas
Em 2008, Pedro Barusco abriu mais uma conta, em nome da Rhea Comercial Inc, que acumulou US$ 14,2 milhões até março de 2014. Naquele mesmo ano, ele abriu mais uma conta no Banco Safra, com US$ 7,2 milhões até março de 2014 e em nome da empresa Pexo Corporation. Ali, segundo ele, é que estaria um depósito de US$ 1 milhão feito pela Odebrecht.
Em 2013, ele afirma ter aberto uma conta da empresa Canyon Biew no RBC da Suíça e transferiu do Julius Baer cerca de US$ 7,1 milhão. Em 2012, no tradicional banco Pictet, de Genebra, mais uma conta. Saldo: US$ 1,5 milhão. Ele ainda possuía a conta Lodgy, no Royal Bank of Canada, em sua sede suíça, assim como no PKB e outra no banco Pictet. Ele e sua família ainda contam com duas contas no banco Lombard Odier, HSBC e Delta.
Bloqueio
O delator também confessou que tentou, em março de 2014, fazer uma série de transferências. Mas com as investigações já em andamento, os suíços o impediram e bloquearam os valores. Naquele momento, Berna já havia sido alertada pelas autoridades da Holanda e do Brasil sobre suspeitas envolvendo contratos entre a Petrobras e a empresa holandesa SBM Offshore. As autoridades exigiram dos bancos informações sobre os clientes e, no momento que as transferências eram feitas, o dinheiro era congelado. Quatro contas em nome de sua família, porém, não foram bloqueadas naquele momento.
Barusco ainda indicou que, para a abertura das contas na Suíça, utilizou os serviços do mesmo intermediário que teria ajudado Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e que tem US$ 23 milhões bloqueados nos bancos suíços. O intermediário, segundo Costa, era Bernardo Friburghaus, com escritórios no Rio de Janeiro..