Brasília - Os investigadores da Operação Lava-Jato afirmam que movimentações bancárias confirmam depoimentos prestados por Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil, empresa que intermedeia o fornecimento de navios para o pré-sal. De acordo com o coordenador da força-tarefa do Ministério Público, Deltan Dallagnol, existem provas ‘robustas’ sendo analisadas pela procuradoria que corroboram acusações de pagamentos de propina descritas na delação premiada prestada no fim de novembro e início de dezembro passado. Os indicativos são mais fortes com relação ao ex-diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque. “O grande problema nessas situações é provar o “link” com o beneficiário”, disse ele ao Estado de Minas ontem. “Mas não no caso do Duque, que tem contas fora. Esse será fácil.”
Barusco afirmou ainda que uma série de outras pessoas recebeu propinas, como o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Segundo o delator, foram pagos entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões ao partido entre 2003 e 2013. Anteontem, o partido disse que as afirmações de “um ex-gerente” procuram envolver a legenda, “mas não apresentam provas ou nem sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito”.
O advogado de Duque foi na mesma linha.
Segundo Dallagnol, a dificuldade de encontrar o “link” entre as movimentações financeiras dos acusados é maior quando há intermediários – o que não é o caso de Duque. Desde que Barusco prestou seu depoimento em delação premiada, entregando planilhas com distribuição de suborno, a tarefa do grupo de cinco delegados, oito procuradores, agentes, peritos e analistas é encontrar indícios desses vínculos.
Barusco forneceu alguns. Além de indicar contas, entregou planilhas em que contabiliza as propinas para diversas pessoas. Numa delas, apontou pagamentos feitos supostamente pelos estaleiros Jurong e Kepel Fells. Lá, chama Vaccari de “Moch”, por usar sempre uma mochila, e informa que o estaleiro Keppel pagou a ele US$ 4,5 milhões em março de 2013. A planilha diz que Duque – o “My Way” ou “MW” - recebeu US$ 1 milhão do Jurong num mês de dezembro.
EXTERIOR O delator ainda indicou contas bancárias no exterior para serem procuradas pelos investigadores. No Banco Delta, na Suíça, abriu uma conta para si e outra para Duque, a fim de receber subornos do Keppel. O ex-presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz recebeu, de acordo com o delator, US$ 249 mil na conta Firasa, a partir de uma conta chamada “Opdale”, ligada a Guilherme de Jesus, do Jurong. A Sete Brasil diz que vai apurar a atuação de seus ex-gestores.
Vaccari é apontado como um dos 11 operadores que, à semelhança do doleiro Alberto Youssef, fazia negócios ilícitos na Diretoria de Engenharia. Ele nega receber dinheiro de propinas para abastecer o caixa do PT ou qualquer outra finalidade. O tesoureiro prestou depoimento forçado na PF anteontem para explicar as doações ao partido. “Todas as perguntas feitas pelo delegado foram esclarecidas.