Do lado de fora do Minascentro, na Região Central de Belo Horizonte, onde líderes e a militância do PT comemoraram os 35 anos do partido, o clima de rivalidade e provocação que marcou a campanha eleitoral de 2014 voltou à tona. Desde as 17h, duas horas antes do início do evento, um grupo de 80 manifestantes – segundo a Polícia Militar – gritava contra o governo petista. Com cartazes, alto-falantes e faixas, os manifestantes pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e a responsabilização de lideranças petistas pelo escândalo da Petrobras.
Os manifestantes levaram tinta preta, representando petróleo, e levantavam notas de dinheiro, xingando de corruptos e ladrões os petistas que estavam na fila tentando entrar no auditório já lotado. No grupo estavam integrantes da juventude tucana e militantes que participaram da campanha para a Presidência do senador Aécio Neves (PSDB), como o músico Cris do Morro. Uma batucada comandada por militantes petistas ofuscava os gritos de protesto dos manifestantes.
Primeira a chegar, a comerciante Tácita Vilela Reis, com uma blusa com os dizeres “Tirem a mão do nosso dinheiro”, começou um protesto solitário, com um apito e batendo uma panela. A aposentada Edna Maria Souto, de 67 anos, participou da manifestação com uma camisa e bandeira do Brasil e disparava contra as denúncias de corrupção na Petrobras. “Esse partido está acabando com nosso país. É escândalo atrás de escândalo. Acho que a população de BH inteira deveria vir aqui hoje, impedir essa vergonha e pedir o impeachment da Dilma”, disse Edna.
Além de críticas à estatal e pedidos de impeachment, manifestantes levaram cartazes pedindo a redução da maioridade penal e punição mais dura aos condenados do mensalão. Para o gerente comercial Frederico Assis Duarte, 34 anos, o momento de crise no Palácio do Planalto deveria ser “motivo de vergonha para a festa petista”. “A indignação de vermos tanta roubalheira faz com que a população fique desanimada da política. Infelizmente passa eleição atrás de eleição e eles se mantém no poder, roubando. Então temos que fazer algo, nós que ficamos indignados com a corrupção”, afirmou Frederico.
O clima ficou tenso quando as provocações se intensificaram e os dois grupos atiraram objetos contra os outros. A PM chegou rapidamente na Avenida Augusto de Lima e se posicionou entre os manifestantes e a militância petista. Quando o o grupo se dirigiu para uma entrada alternativa do Minascentro, por onde passaram os caciques do PT, os dois grupos se encontraram e trocaram ofensas. Um militante petista foi detido, segundo a PM, por atirar um objeto nos manifestantes. (Colaborou Daniel Camargos)