Brasília – Uma semana após o chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante, ter anunciado no Congresso Nacional que o governo iniciará as negociações para os cargos do segundo escalão, nenhum acordo com os partidos nem sequer foi iniciado. Pior: o movimento feito pela presidente Dilma Rousseff ao indicar Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil, para dirigir a Petrobras preocupa os aliados. Além da avaliação quanto ao equívoco da escolha, a petista tomou a decisão de maneira isolada, sem consultar ninguém. “Foi um desastre. É inacreditável o que aconteceu”, assustou-se um petista.
Comandando as duas casas e com a capacidade de infernizar a vida do governo sempre que lhe for conveniente, o PMDB é a principal preocupação neste momento. Após a tática desastrosa da semana passada, quando Dilma Rousseff liberou seus ministros para tentar eleger o petista Arlindo Chinaglia (PT) para a presidência da Câmara, é prudente, segundo aliados, não travar outra batalha com os peemedebistas.
Com isso, poucos apostam em mudanças de cargos no setor elétrico. A Eletrobras e a Eletronorte estão sob o comando, respectivamente, de afilhados dos ex-senadores José Sarney (AP) e Jader Barbalho (PA). O primeiro votou em Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa presidencial, fez um artigo virulento criticando a construção das refinarias da Petrobras no Maranhão e, internamente, tem vaticinado que há uma “crise institucional a caminho”.
Jader Barbalho, amigo pessoal do ex-presidente Lula, emplacou o filho, Helder, no Ministério da Pesca, pasta importante para o Pará. “Duvido que, neste momento de fragilidade e instabilidade política, a presidente tenha a coragem de mexer nos cargos do PMDB. Seria um suicídio político”, alertou um integrante da base de apoio no Congresso. “Se a definição do primeiro escalão foi caótica, tenho medo dos remendos que serão feitos no segundo escalão”, queixou-se um senador petista.