Presidente da Câmara de BH diz que vereadores da base devem votar o que Lacerda quer

Nesta quinta-feira, mais uma vez, nada foi votado na Casa, que encerrou os trabalhos por falta de quórum

Marcelo Ernesto
- Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 23-01-2015

A troca de acusações entre vereadores da base e da oposição pela falta de votação na Câmara Municipal de Belo Horizonte revelou, nesta quinta-feira, o clima de insatisfação que paíra no plenário. O presidente da Casa, vereador Welington Magalhães (PTN), deixou claro que os parlamentares dos partidos da base devem lealdade ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) e , por isso, devem votar favoravelmente as propostas do Executivo. Magalhães rebateu a teoria da “independência” no Legislativo Municipal da capital. “Quando a pessoa quer ser independente, ela tem que chegar ao secretário, ao secretário de governo, e entregar os cargos que tem e assim ter o livre arbítrio de votar, essa é minha opinião”, disse, e mais à frente acrescentou: “Eu devo, sim, ao Marcio Lacerda. Tenho parceria, sim. Sou governo, sim”. Após quase duas horas de discussão, a sessão foi encerrada por falta de quórum. Apenas 19 estavam presentes.


Com o embróglio, mais uma vez, a vasta pauta ficou aguardando apreciação. A já empoeirada proposta de fim da verba indenizatória ainda espera a votação em segundo turno.

Magalhães ainda defendeu que Lacerda separe a “água do óleo” até mesmo na base. “Eu cobro do prefeito, acho que tem ter base sustentável, valorizar os nobre colegas, sim, e separar a água do óleo. Se a pessoa for oposição que se torne oposiçao. Mas não pode ter esse grupo independente”. Para o presidente do Legislativo da capital, se o vereador participa da administração, tem “obrigação de aprovar as matérias do governo”. “Se eu fosse secretário de governo tratava do jeito que me trata”, contou.

A declaração de Wellington Magalhães causou espanto entre os vereadores. Orlei (PTdoB), que se classificou como independente, disse que se a regra fosse essa ele colocaria os cargos que tem à disposição. “Eu estou colocando os cinco cargos que eu tenho nas regionais à disposição da prefeitura. Eu quero minha independência”, revelou. Quem também repudiou a fala do presidente foi Joel Moreira Filho (PTC).
“Isso é a maior vergonha da minha vida. Eu sou independente, meu único vinculo é com a sociedade. (…) Com o regimento que nós temos vamos mostrar se existe ou não independencia”, contou.

Gilson Reis também classificou como “inacreditável” a fala. A única vereadora, Elaine Matozinhos (PTB) disse que ela e os colegas não trabalham em troca de cargos. “Não estamos aqui em troca de cargos, isso seria muito triste”. Segundo ela, quem tem os cargos é o partido, não os vereadores. “Meu partido é base de governo, esteve com ele nas eleições, mas não é por isso que o prefeito vai impor tutela a base”, protestou.

Em defesa de Lacerda, acusado de tentar controlar as votações, o líder de governo, vereador Preto (DEM) disse que Lacerda não pretende fazer trocas de cargo com os vereadores e que trata a Casa com respeito.

Reunião para tentar a paz

Nesta sexta-feira, os vereadores da oposição se reunir com a secretária de Governo da prefeitura, Luzia Ferreira. Os parlamentares vão discutir a tramitação de alguns projetos e o tratamento dado a bancada na Câmara.
Segundo Adriano Ventura (PT), no encontro serao discutidos “assuntos de interesse da cidade”. .