Essas siglas deram sustentação política para o delator comandar a diretoria de Abastecimento da Petrobras por quase oito anos, nos governos Lula e Dilma Rousseff, do PT.
"Acerca da ingerência política na empresa, refere que em vista da sustentação política governamental alguns cargos junto a estatais, dentre elas a Petrobras, são liberados para a indicação pelos partidos que compõem a base aliada", afirmou, em depoimento no dia 15 de setembro do ano passado.
Segundo o delator, sua "indicação e permanência no cargo estava relacionada ao PT, PP e ao PMDB." O dinheiro da propina era distribuído para parlamentares e partidos. O PT e o PMDB, afirmou Paulo Roberto, também lhe pediram recursos para a campanha eleitoral de 2010. No depoimento, ele não especificou se era para a eleição presidencial (a petista Dilma Rousseff foi eleita para seu primeiro mandato neste ano) ou estadual.
"Os parlamentares do PP, de regra, não lhe faziam solicitações de recursos a fim de que levasse o pleito às empreiteiras, tendo recebido, entretanto, solicitações do PT e PMDB para a campanha de 2010."
Paulo Roberto também revelou que o PT e o PMDB recebiam a propina sem qualquer "desconto." Ao contrário do que era repassado para o PP. Do valor pago pelas empreiteiras em troca dos contratos, 60% era destinado ao PP, 20% destinado aos custos (como a emissão de notas fiscais frias), e os outros 20% eram divididos entre o ex-diretor e o doleiro Alberto Youssef. "No caso de recursos destinados a outros partidos, o repasse era feito sem a cobrança de comissão, apenas ressarcimento de gastos."
As principais diretorias da empresa eram controladas pelo PT: Serviços (responsável por grandes investimentos, superiores a R$ 20 milhões), Exploração e Produção (maior orçamento da Petrobras) e Gás e Energia eram controladas pelo PT. "Todos os valores a título de sobrepreço eram destinados ao PT, competindo a Renato Duque (ex-diretor de Serviços) a alocação desse montante conforme as orientações e pedidos que recebesse do PT." O PMDB tinha a Diretoria Internacional e o PP, a de Abastecimento.
No mesmo depoimento, Paulo Roberto também afirmou que o tesoureiro do PT, João Vaccari, tinha "frequentes reuniões" com Renato Duque, mas que não saberia dizer de forma assertiva os detalhes sobre como o dinheiro desviado chegava ao partido do governo. Em depoimento à Operação My Way (nona fase da Lava Jato), Vaccari afirmou que se reuniu com Duque num hotel do Rio de Janeiro algumas vezes, mas os relatou como encontros sociais..