Segundo o delator, a sigla foi criada porque "quase sempre presenciava João Vaccari usando uma mochila". No dia 5, quando foi alvo da nona fase da Lava Jato, a My Way, o tesoureiro estava com a mochila. Nela, policiais federais encontraram um caderno, em branco, e uma agenda pequena com poucas anotações.
Os US$ 4,5 milhões referentes a Vaccari entraram para a contabilidade de Barusco a partir de 2013, segundo ele, quando passou a registrar os valores arrecadados com estaleiros em contratos de navios-sondas. A quantia do tesoureiro do PT seria de pagamentos do Keppel Fels, de Singapura.
Segundo registro da Polícia Federal, quando Barusco começou a "contabilizar o pagamento de propinas referentes a Keppel Fels, verificou que João Vaccari já havia recebido até aquela data" o valor de US$ 4.523.000.
Dados
Braço direito do ex-diretor de Serviços Renato Duque - principal canal do PT, via Vaccari, no esquema de corrupção -, Barusco lançava em seu computador dados relativos a cada contrato, incluindo datas, valores dos negócios e quanto cabia a cada beneficiário da máquina de propinas. Na mesma planilha de contabilidade estão registrados valores de Duque - indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu. A sigla para o ex-diretor era "MW" - referência à My Way, canção gravada por Frank Sinatra usada por Barusco para tratar do ex-chefe.
Barusco operava a contabilidade da propina na diretoria, segundo confessou. Por meio da área de Serviços, o PT arrecadava de 1% a 2% de propina em contratos das demais diretorias da Petrobrás.
Vaccari nega veementemente que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro fruto de propina. Em nota, na semana passada, ele diz que "esclareceu (à PF), em especial, que enquanto secretário de Finanças do PT jamais recebeu dinheiro em espécie". "Todas as contribuições ao partido, vindas pela Secretaria de Finanças por mim, foram absolutamente dentro da lei.".