PF abre inquérito e investiga homicídio em explosão de navio-plataforma da Petrobras

Agentes federais iniciaram ontem apurações sobre o incêndio no navio. ANP enviou auto de interdição da embarcação à Petrobras

Jorge Macedo - especial para o EM
Rio de Janeiro – A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do acidente no navio-plataforma Cidade São Mateus, na Bacia do Espírito Santo, ocorrido na quarta-feira.
As condutas investigadas inicialmente são homicídio e incêndio qualificado (por ter ocorrido em uma embarcação). Uma equipe de peritos fez ontem um sobrevoo para identificar os estragos e o ponto de onde começarão os trabalhos da PF. A explosão na casa de bombas do navio-plataforma, operado pela BW Offshore e fretado pela Petrobras, deixou cinco pessoas mortas (quatro brasileiros e um indiano) e 26 feridos, sete deles ainda internados em hospitais da Grande Vitória, dois em estado grave. Quatro tripulantes seguiam desaparecidos ontem, segundo balanço oficial divulgado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que enviou à Petrobras auto de interdição do navio-plataforma. De acordo com a agência, o auto atende às normas previstas para investigação de incidentes. A Petrobras foi também notificada a não realizar modificações e obras na área do incidente, “a não ser que haja necessidade crítica de estabilização” da estrutura da plataforma.

No caso do inquérito da PF, o prazo inicial para a conclusão dos trabalhos é de 30 dias.
O órgão, porém, não divulgou mais detalhes nem dará entrevistas, “a fim de não atrapalhar ou prejudicar eventuais levantamentos e perícias que deverão ser realizados”. Ao longo das investigações, outras condutas poderão ser apuradas caso haja indícios de mais irregularidades, informou o órgão. Embora as causas do incidente ainda estejam sendo investigadas, sindicalistas falam em vazamento de gás. Havia 74 pessoas a bordo no momento do acidente. Após o ocorrido, a produção foi interrompida. O navio está conectado normalmente aos poços, mas a unidade foi desativada.

Ontem, 17 pessoas estavam a bordo da embarcação, entre bombeiros, representantes da BW Offshore, operadora da plataforma e especialistas em resgate e combate a incêndio. Uma equipe de especialistas da BW retornou à unidade para avaliar se as condições são suficientemente seguras para permitir a continuidade dos esforços de busca e resgate. A empresa norueguesa reforçou que o casco do navio-plataforma está intacto.

Segundo nota da empresa norueguesa, os corpos dos cinco mortos já foram resgatados e o número de feridos é 26 e não 25 como havia sido divulgado antes.“As providências estão sendo tomadas para a identificação formal e a liberação às famílias”, diz o texto da BW, que não divulgou nenhuma lista de nomes dos mortos. No caso dos desaparecidos, limitou-se a dizer que são todos brasileiros.

A nota da BW informa ainda que sete pessoas feridas seguem sob cuidados médicos em hospitais da Grande Vitória. O hospital onde estão internados os feridos críticos informou que seis pacientes permanecem na UTI, mas apenas dois deles estão em estado grave. Até quinta-feira, um homem de nacionalidade filipina estava em coma induzido por ter queimado parte do sistema pulmonar.
Um brasileiro teve queimaduras em 43% do corpo.

O FPSO Cidade São Mateus, que opera nos campos de Camarupim e Camarupim Norte, a cerca de 120 quilômetros da costa do Espírito Santo, sofreu uma explosão às 12h50 de quarta-feira. As causas ainda estão sendo investigadas, mas sindicalistas falam em vazamento de gás. Havia 74 pessoas a bordo no momento do acidente. Após o ocorrido, a produção foi interrompida. O navio está conectado normalmente aos poços, mas a unidade foi desativada.

Protesto

O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) paralisou, durante cerca de três horas, o embarque de trabalhadores da categoria em helicópteros para plataformas em alto-mar. O protesto, por mais segurança no trabalho, ocorreu na madrugada de sexta-feira e foi promovido em todo o país pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) no aeroporto de Vitória. O ato foi marcado depois do acidente que matou cinco pessoas e deixou quatro desaparecidos no navio-plataforma Cidade São Mateus, no litoral do Espírito Santo, na quarta-feira. Embora o navio-plataforma seja fretado desde 2009 pela Petrobras, a estatal e o governo tentam vincular o acidente na unidade apenas à BW Offshore. A norueguesa é a dona e operadora da plataforma que sofreu a explosão..