Brasília – No alvo da oposição, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), que deve ser convocado para depor na nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, a ser instalada na quinta-feira, revelou nessa quinta-feira (20) o teor da polêmica reunião com advogados da empreiteira Odebrecht. O encontro, cujo assunto não havia sido relatado na agenda pública da pasta, despertou a indignação do juiz Sérgio Moro, à frente dos processos relativos aos desvios na Petrobras, e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que chegou a pedir a demissão do petista. A empresa é alvo da Operação Lava-Jato. Cardozo negou qualquer tipo de pressão. Afirmou que, no encontro ocorrido no dia 5, tratou do suposto vazamento de informações sigilosas da investigação e também sobre “uma colaboração internacional” que envolveria a construtora.
Em artigo publicado na imprensa, a advogada Dora Cavalcanti, que defende a empreiteira, afirmou que procurou o Ministério da Justiça “para noticiar que a única providência adotada no bojo do inquérito 1.017/14, instaurado na Delegacia de Polícia Federal em Curitiba com objetivo de apurar os vazamentos, fora a oitiva de três ou quatro jornalistas”. Ela salientou que “a petição endereçada ao ministro da Justiça em nada diferia de outra anteriormente dirigida ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, e ainda se somava a outras três protocoladas diretamente perante a 13ª Vara Federal de Curitiba”. Nessa quinta-feira, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que, logo no início, a CPI precisa esclarecer o verdadeiro teor da reunião entre Cardozo e os advogados da Odebrecht. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), marcou para o meio-dia de quinta-feira a instalação da CPI.
Cardozo declarou que, durante a reunião, orientou os advogados a fazerem uma reclamação formal.
José Eduardo Cardozo disse ainda que se sentia ofendido pelas insinuações de que a reunião teria como objetivo prejudicar o andamento da Lava-Jato. O juiz Sérgio Moro classificou o encontro de advogados com o ministro de “intolerável” por eles tentarem “discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas”. Baseado no noticiário, o magistrado afirmou que houve uma “indevida, embora mal-sucedida, tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter uma interferência política em seu favor no processo judicial”.
No sábado, dia em que o assunto veio à tona, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa chegou a pedir, pelas redes sociais, a demissão de Cardozo. A advogada da Odebrecht rebateu as declarações de Barbosa. “O comentário não chega a surpreender dado o histórico do ex-presidente do Supremo, avesso ao direito de defesa, nele incluídos os advogados e sua obrigação profissional de zelar pelo respeito às garantias individuais do cidadão.”
Nessa quinta-feira, Barbosa voltou ao tema por meio das redes sociais. “Eu recebia advogados? Sim, recebi-os às centenas! Mas informava a parte contrária, para que ela pudesse estar presente, se quisesse. Pra quê?”, postou. E continuou. “Explico: o processo judicial cuida de interesses ferrenhamente contrapostos.
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