Brasília - A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã desta sexta-feira que o governo fará tudo dentro da legalidade no que diz respeito às empresas envolvidas na Operação Lava-Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. Ao ser questionada como avaliava a relação do governo com as empresas para que elas não venham a quebrar, a presidente considerou que é preciso levar em conta a importância das companhias para a geração de empregos, mas que isso não pode impedir as investigações.
"As empresas, os donos das empresas e os acionistas serão investigados. Porque a empresa não é um ente que esteja desvinculado dos seus acionistas. Agora, o que o governo fará é tudo dentro da legalidade", afirmou ao final de cerimônia de recebimento de credenciais de embaixadores. "Nós iremos tratar as empresas tentando principalmente considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil. Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja", acrescentou. "Doa a quem doer", reafirmou.
Dilma ainda destacou ser necessário distinguir a ação da Petrobras e a ação daqueles que praticaram malfeitos contra a estatal. "Eu não vou tratar a Petrobras como a Petrobras tendo praticado malfeitos.
A presidente comentou que sempre houve corrupção no País, mas o que há de diferente, agora, é que existe "um processo de investigação como nunca foi feito antes". Para ela, isso é um passo importante dado no Brasil, "que temos de olhar e valorizar".
"Nós, atualmente, todos os órgãos, não tem engavetador da República, não tem controle sobre a PF, não nomeamos pessoas políticas para os cargos da PF e isso significa que junto com o MP e todos os órgãos do Judiciário está havendo um processo de investigação como nunca foi feito antes", disse. "Não que antes não existisse (corrupção). É que antes não tinha sido investigado e descoberto porque, quando você investiga, descobre a raiz das questões. E quando surgem as raízes, você impede que aquilo se repita e seja continuado", afirmou.
"Veja, a gente olhando os dados que vocês mesmos divulgam nos jornais. Se em 1996 e 1997, tivessem investigado e tivessem, naquele momento, punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante mais de dez anos, quase vinte anos praticando atos de corrupção", exemplificou. "A impunidade leva água para o moinho da corrupção", completou. .